A cadeia aromática do benzeno lembra os traços de uma flor. Porém, essa é uma flor que não se cheira, mesmo que a fragrância seja adocicada, sob pena de graves danos à saúde e até mesmo a morte. O benzeno é um agente altamente cancerígeno e não há níveis seguros para a exposição.
Todo operador de refinaria sabe muito bem disso. Gestores também sabem, mas parecem ignorar tal fato. Afinal de contas, não são eles que se contaminam. O pior é que em todo o Sistema Petrobrás o benzeno não costuma aparecer nos ASOs (Atestados de Saúde Ocupacionais), tampouco nos PPPs (Perfil Profissiográfico Previdenciário), o que asseguraria o direito à aposentadoria especial.
A história não é novidade pra ninguém. O Sindicato por inúmeras vezes denunciou este tipo de situação. A novidade agora é que no setor de Destilação e Hidrotratamento (DH) da
Repar foi constata presença de benzeno no processo de avaliação da qualidade da salmoura, na verificação da interface das dessalgadoras e na amostragem de petróleo. Trata-se de um procedimento de rotina que é feito em todos os turnos, todo dia.
Essa situação crônica foi identificada durante a inspeção planejada do Grupo de Trabalho do Benzeno (GTB), vinculado à Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA).
A orientação da empresa foi efetuar a verificação das dessalgadoras da DH somente em caso de distúrbio operacional ou troca do tanque de carga da U-2100. Para isso, recomenda e fornece o uso de PA (Proteção Autônoma de Ar Respirável).
O Sindicato questiona a determinação da Repar, pois ao invés de buscar a solução definitiva para a exposição ao benzeno, trata o caso com uma medida paliativa. A orientação do uso de EPI para evitar a contaminação nada mais é que um atestado de incompetência para resolver o problema e de irresponsabilidade. Algo que também não é novidade na Petrobrás.
Fica ainda uma pergunta: e aqueles que se expuseram diariamente até a intervenção do GTB?