Na solenidade de abertura da IV Plenafup, as lideranças políticas e sindicais que compuseram a mesa ressaltaram a importância da unidade da classe tra
Na solenidade de abertura da IV Plenafup, as lideranças políticas e sindicais que compuseram a mesa ressaltaram a importância da unidade da classe trabalhadora e dos movimentos sociais na construção de um país soberano e com justiça social. O coordenador do Sindipetro-PE\PB, Marcos Aurélio, deu as boas vindas às delegações e destacou o orgulho de ser o anfitrião de uma plenária histórica, realizada em um local que é símbolo da luta pela reforma agrária no estado de Pernambuco.
Jaime Amorim, coordenador do MST em Pernambuco e integrante da Coordenação Nacional da entidade, lembrou que o Assentamento Normandia completou 20 anos no dia primeiro de maio, ressaltando que a antiga fazenda foi utilizada pelos militares na ditadura militar como local de repressão. “Os trabalhadores rurais enfrentaram nesta ocupação o que há de pior no latifundiário brasileiro, o autoritarismo dos antigos coronéis, arraigados ao poder do Estado. Esse é um espaço construído e conquistado com muita luta”, declarou, destacando que as 40 famílias de agricultores que vivem no assentamento produzem os alimentos fornecidos pelas escolas públicas da região.
O coordenador nacional do MAB, Joceli Andreoli, parabenizou a FUP por sua atuação política na construção da unidade dos movimentos sociais nos fóruns de defesa do petróleo e da energia como bens sociais e destacou a importância do tema da IV Plenafup: “Trabalhadores do campo e da cidade em defesa da democracia. “É a unidade que nos dá o poder de realização concreta dos projetos que defendemos enquanto classe trabalhadora e movimento social, comprometidos com a soberania do nosso povo. Neste momento em que o capital internacional está em crise e quando os recursos energéticos estão no centro das disputas, discutir democracia é discutir as reformas estruturais que queremos para o nosso país”, declarou.
O presidente da CUT-PE, Carlos Vera, saudou os delegados, ressaltando a integração e unidade da luta dos homens e mulheres do campo e da cidade nas lutas e conquistas. “Estamos em um assentamento que é símbolo de luta para a classe trabalhadora. Esse é o verdadeiro modelo de reforma agrária que defendemos para o nosso país e ela precisa de fato acontecer, pois não dá para tratar de desenvolvimento econômico e social sem garantir o direito à terra”, destacou. Ele ressaltou a importância da unidade também na luta contra o PL 4330, do deputado federal Sandro Mabel (PMDB-GO), que ataca direitos históricos dos trabalhadores e amplia terceirização para atividades fim e o setor público, precarizando ainda mais as condições de trabalho neste modelo de contratação. “Precisamos estar unidos para barrar esse projeto”, declarou.
O professor Moacir Gadotti, diretor do Instituto Paulo Freire, ressaltou a importância da defesa da soberania estar no centro do debate da IV Plenafup, frisando que a soberania só existe se toda a população tiver direito a uma educação de qualidade, como sempre defendeu o educador pernambucano Paulo Freire, que dá nome ao Centro de Formação, onde a plenária está sendo realizada no assentamento Normandia. Ele destacou a força social e política da FUP na construção do Projeto Mova Brasil, que em seus dez anos de existência, já alfabetizou 213 mil jovens e adultos.
O secretário de Relações Internacionais da CTB, José Divanilton, ressaltou que a IV Plenafup ocorre em um momento muito importante da conjuntura internacional, quando os trabalhadores europeus perdem direitos e empregos em função da crise do capitalismo e o Brasil e demais governos progressistas da América Latina estão construindo uma agenda popular de integração em defesa da soberania. “Nosso país completa dez anos de um ciclo de governos populares que está derrotando o neoliberalismo e garantido conquistas fundamentais para a classe trabalhadora e o povo mais humilde. Mas temos muito o que avançar e esta plenária deve apontar lutas conjuntas que unifiquem os movimentos sociais para garantir os projetos estruturais e políticos que defendemos”, declarou.
O deputado federal Fernando Ferro (PT-PE) ressaltou o orgulho de estar em uma plenária dos petroleiros em um assentamento que é símbolo da luta pela reforma agrária em seu estado. “Esse é um espaço que foi construído pela luta, pelo suor e pelo sangue da classe trabalhadora, um símbolo de resistência e unidade. Aqui está a esperança do mundo”, declarou, conclamando os movimentos sociais a permanecerem alertas contra os retrocessos e ataques da direita. “Temos um governo de coalizão, que está em constante disputa. Hoje, por exemplo, temos um movimento no Congresso que está tentando de novo emplacar a CPI da Petrobrás, com participação de parlamentares do PMDB e PSB, que são partidos aliados”, alertou.
A diretora da CNQ, Cibele Fogaça, que também integra o Coletivo Nacional de Mulheres Petroleiras, destacou que apesar de ser a única voz feminina na mesa de abertura da IV Plenafup, ela não estava sozinha. “Represento aqui todas as mulheres petroleiras que estão se organizando e lutando para garantir para que ocupemos espaços nos nossos sindicatos, na FUP, nas confederações e centrais sindicais”, declarou. Ela anunciou que a plenária será um marco histórico para as mulheres petroleiras, que pela primeira vez aprovaram uma pauta que será debatida pelos delegados.
O coordenador da FUP, João Antônio de Moraes, encerrou a solenidade de abertura da IV Plenafup, evocando um dos gritos de luta da Via Campesina: “Se o campo e acidade se unir a burguesia não vai resistir”. Ele comentou o orgulho e emoção de realizar uma plenária histórica em um assentamento do MST em seu estado natal, Pernambuco, que tem um simbolismo muito importante nas lutas do povo brasileiro. “Daqui saíram lutadores como o nosso presidente Lula, Frei Caneca, Padre Roma e Abreu e Lima, que lutou ao lado de Simón Bolívar, e dá nome à refinaria de Pernambuco”, destacou. Moraes frisou que sem unidade, a classe trabalhadora não conseguirá superar os desafios que tem pela frente. “Nossa categoria vive hoje sob o risco constante de precarização das condições de trabalho e segurança, em função do avanço da terceirização e da apropriação do capital privado sobre os recursos de petróleo. Dos 189 blocos que foram leiloados na 11ª Rodada, a Petrobrás é operadora em apenas três”, denunciou. “Esse é um setor extremamente estratégico para a nação só teremos chance nessa batalha, se soubermos estabelecer alianças importantes, como a que temos com o MST e o MAB”, revelou.