Empresa anunciou lucro líquido de R$ 10 bilhões no segundo trimestre de 2018.
A Petrobrás anunciou nesta sexta-feira (03) os resultados do segundo trimestre de 2018, em que registrou lucro líquido de R$ 10 bilhões, bem acima das estimativas feitas pelos analistas financeiros. Apesar do mercado e do governo continuarem reforçando a ladainha de que os resultados positivos são fruto da recuperação da empresa, a variação do dólar e do preço médio do barril de petróleo é que foi determinante para o lucro.
Como no trimestre anterior, o principal fator determinante para o lucro da Petrobras continua sendo o preço médio do barril de petróleo, que aumentou 50% nos últimos 12 meses, saltando de US$ 49,8, no segundo trimestre de 2017, para US$ 74,5, no mesmo período deste ano.
Soma-se a isso, a variação cambial, que no primeiro semestre do ano foi de 11%, o que impactou positivamente as contas da empresa, já que a política de preços dos derivados continua indexada ao dólar e ao barril de petróleo. Mesmo com a queda de 6% no volume de vendas do semestre, a companhia lucrou com a internacionalização dos preços de derivados, que fez a gasolina, o diesel e o gás de cozinha dispararem.
Indicadores externos, que não dependem das ações de gestão, mas que influenciam diretamente nos resultados da Petrobrás, cada vez mais dependente do Pré-Sal. Essas reservas já representam mais de 50% da produção da petrolífera brasileira, graças aos investimentos feitos nos 13 anos dos governos Lula e Dilma.
“Os resultados da Petrobrás são a prova de que a empresa não está, nem nunca esteve quebrada. As gestões de Ivan Monteiro e Pedro Parente nada contribuíram para o lucro da empresa. Pelo contrário, o desmonte que eles já fizeram e continuam fazendo, ao venderem ativos e reduzirem investimentos, compromete cada vez mais o futuro da empresa”, alerta o coordenador da FUP, Simão Zanardi Filho.
A política da atual gestão continua sendo de direcionar a estatal para a exportação e entregar à concorrência o parque de refino e todo o setor logístico de distribuição de óleo e gás. As exportações já representam hoje quase um quarto (22%) da produção da Petrobrás, enquanto o povo brasileiro sofre os efeitos da política de preços de derivados, que favorece as importadoras e pesa no bolso do trabalhador e da dona de casa.
Os gestores da empresa continuam cortando investimentos estratégicos. Houve uma redução de 8% neste primeiro semestre do ano, quando os investimentos caíram de R$ 23 bilhões para R$ 21 bilhões. O setor de gás e energia, quase todo privatizado, foi o mais impactado, com queda de 76% nos investimentos, em relação ao primeiro semestre de 2017.
A Petrobrás também contabilizou em seu caixa R$ 5 bilhões obtidos com a venda de ativos, como a NTS, participações nos campos de Lapa, Iara e Carcará, entre outros bens estratégicos. O resultado já aparece na queda de 4% da produção de óleo e gás que a companhia registrou neste segundo trimestre, em relação ao primeiro trimestre. O maior impacto foi na Bacia de Campos, onde os investimentos foram drasticamente reduzidos e campos de petróleo vendidos.
Os trabalhadores também continuam sendo impactados com as reduções de despesas administrativas impostas pelos gestores. Neste primeiro semestre, foram feitos cortes de 4%. O coordenador da FUP ressalta que os efeitos desta política refletem diretamente na falta de investimento em manutenção das unidades operacionais e na redução de efetivos, o que compromete a segurança dos trabalhadores. “Sem manutenção nas unidades, os petroleiros estão correndo riscos nas refinarias, plataformas e terminais. Soma-se a isso a redução de efetivos, que resultou na saída de mais de 30% dos trabalhadores, sem reposição destas vagas”, explica Simão Zanardi.
Enquanto o povo brasileiro e os trabalhadores pagam a conta do desmonte da Petrobrás, os gestores continuam favorecendo os acionistas privados e o sistema financeiro, com repasses bilionários. No início do ano, o Conselho de Administração autorizou o pagamento de dividendo aos acionistas a cada trimestre e não mais anualmente, como era praticado anteriormente. Só nos primeiros seis meses do ano, a empresa já distribuiu R$ 1,3 bilhões em dividendos.
Os banqueiros também agradecem à Petrobrás por continuar sendo privilegiados, em detrimento do setor produtivo. Neste primeiro semestre, a Petrobrás despejou R$ 92 bilhões no sistema financeiro em pagamento de juros e amortizações da dívida. Esse valor já representa 67% dos R$ 137 bilhões que a empresa destinou aos bancos no ano passado.
Leia a análise do INEEP: Balanço do 2º Trimestre da Petrobras: melhora do cenário externo e reversão estratégica do refino
[FUP]