Mais de cinco mil pessoas foram às ruas da capital para lutarem pelos direitos das mulheres.
Após uma extensa programação durante toda a quarta-feira (8) as mulheres de Curitiba tomara o centro da cidade no início da noite. Após a concentração na Praça Santos Andrade elas seguiram em marcha até a Boca Maldita passando por outros pontos do centro da capital. Em cada um deles um ato diferente lembrando as lutas do movimento feminista. Mais de cinco mil pessoas participaram do ato.
O fim da aposentadoria, a violência contra as mulheres, a interferência em seus próprios corpos por parte da sociedade e a necessidade de um estado, efetivamente laico, marcaram atos lúdicos ao longo do trajeto.
A interferência de setores religiosos na definição de políticas públicas e seus reflexos para a vida das mulheres também foi simbolizada em um dos atos, em frente à Catedral de Curitiba. “Estamos aqui em uma crítica ao abandono total e completo do estado laico no Brasil. Pessoas ligadas as mais diversas correntes religiosas tentam impor uma pauta conservadora e que atinge, em cheio, a vida das mulheres. Não é possível que crenças pessoais possam interferir diretamente na vida de pessoas que não compartilham destes mesmos credos”, afirmou a secretária da mulher da CUT Paraná, Anacélie Azevedo.
Pouco antes da marcha final começar, as mulheres ocuparam o prédio do INSS em Curitiba, onde fizeram um ato para alertar as pessoas que sua aposentadoria corre risco. Ocupações semelhantes ocorreram em outras cidades do Brasil. “As mulheres estão vivendo, na maioria dos estados, a mesma idade que os homens. Não existe mais o índice das mulheres viverem mais. Há ainda a responsabilidade maior que as mulheres carregam consigo de outras tarefas que os homens se recusam a fazer ou compartilhar. Isso sem falar dos problemas no ambiente de trabalho, como assédio, salários menores e até mesmo maior rotatividade nos postos de trabalho”, afirmou a presidenta da CUT Paraná e integrante da Marcha Mundial das Mulheres, Regina Cruz.
Segundo ela, há parcelas da população feminina que sofrerão ainda mais. “Há também o agravante das trabalhadoras rurais que terão perdas ainda maiores e estão submetidas a condições de trabalho ainda mais extenuantes”, completou Regina.
A representante da Rede de Mulheres Negras, Juliana Mittelbach, reforçou que esta parcela da população feminina é vítima duas vezes, pois além das violências cotidianas ligadas ao machismo ainda há o agravante do racismo. “Isso repercute também em racismo institucional. Temos mais dificuldades de acesso às políticas públicas”, denuncia Juliana.
Um dos exemplos citados por ela diz respeito à saúde pública. “É o caso de conceitos passados ligados ao processo de escravidão, quando dizem que os negros tem mais força física e que por isso as mulheres negras recebem menos anestesia no parto e sofrem mais com dor. Também tem número menor de consultas de pré-natal, além de doenças específicas da população negra que não tem um recorte racial”, argumentou.
Outro resultado prático do machismo observado no dia-a-dia, a violência contra a mulher, também ocorre de forma intensa na parcela negra da população feminina no Brasil. “Também somos mais vítimas de estupros, feminicídios e outras formas de violência contra as mulheres”, finalizou.
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Via CUT-PR