“Lugar de mulher é na cozinha”. Quantas vezes ouvimos essa frase dentro da refinaria? Parece inofensiva, muitas vezes dita até em tom de brincadeira, mas traz em si a triste mensagem de que mulher veio ao mundo para servir.
Não é de hoje que o Sindipetro PR e SC observa reclamações e relatos, realizados por homens e mulheres, dos assédios sofridos por trabalhadoras da Petrobrás. Esses assédios não advêm apenas dos chefes, não! Os próprios companheiros de equipe costumam reproduzir frases como a citada acima.
As informações recebidas evidenciam o fato de as mulheres serem as que mais sofrem com o assédio moral e constrangimento pelas chefias. Também é muito presente o assédio sexual, que ocorre principalmente, mas não unicamente, de mulheres terceirizadas assediadas por trabalhadores próprios, ou em cargos superiores, em especial durante as grandes paradas. Sorrisos e cor de batom são comumente mal interpretados.
As provocações estão presentes até mesmo nas confraternizações, nas quaisos homens acreditam que as mulheres cortam bolo melhor que eles e a mulher por vergonha de se negar acaba cortando várias fatias do confeito, vendo-se obrigada a se servir apenas quando o último homem estiver servido.
Corrobora para essa problemática a resistência dos homens quando mulheres exercem atividades que antes eram ocupadas exclusivamente por eles. Nesses casos, é comum o controle das atividades e provocações levando as trabalhadoras a erros, e então insinuam incompetência das mesmas.
Diante do exposto, as mulheres se oprimem e não expressam suas indignações quando escutam comentários ofensivos e se inibem de pedir ajuda e esclarecimentos profissionais por medo de serem desclassificadas. Essa não é uma realidade apenas local, os relatos são diversos e em quase todas as unidades.
Na Petrobrás o número de mulheres tem crescido exponencialmente nos últimos anos. Porém, nem sempre um ambiente fabril está apropriado para recebê-las e ele deve ser modificado para isso. Essas alterações não se restringem apenas em estrutura de banheiros e vestiários femininos, adequação de equipamentos para exercerem seu trabalho, uniformes e EPI adequados, como também à necessidade de a empresa realizar treinamentos, debates, oportunidades de diálogo sobre as questões de gênero e assédios, tanto para gestores quanto para toda a força de trabalho.
Enquanto muita coisa disso não ocorre, o Sindipetro convoca as mulheres do sistema Petrobras que se sintam subjugadas a realizarem denúncias formais à ouvidoria, com cópia ao e-mail saude@sindipetroprsc.org.br, sobre as situações vivenciadas para que medidas possam ser tomadas e que possamos fazer nosso papel na alteração desta condição dentro de nossa empresa.
Nesse sentido, é necessário que os companheiros homens colaborem nesta campanha rompendo com a barreira do preconceito, fortalecendo assim essas batalhadoras, que já enfrentam outras tantas dificuldades como mulher em suas outras atividades, a viverem em paz no seu trabalho. Afinal, lugar de mulher é aonde ela quiser.
“Por um mundo onde sejamos socialmente iguais, humanamente diferentes e totalmente livres” – Rosa Luxemburgo
Campanha
Chamamos a atenção a esse problema pois estamos na véspera da campanha chamada “16 dias de ativismos pelo fim da violência contra as mulheres”, que ocorre de 25 de novembro a 10 de dezembro. Ainda destacamos duas datas importantes: Dia 25 de novembro – Dia de Luta Pelo Fim da Violência contra as Mulheres – e dia 06 de dezembro – Dia do Homem na Luta Pelo Fim da Violência contra as Mulheres.