Os cegos do castelo

*Por Angelino Carneiro da Silva Jr, técnico de operação na Repar e diretor do Sindipetro PR e SC.

 

 

Alguns empregados, e o termo correto é exatamente esse, EMPREGADOS, da Petrobrás lotados na Repar parecem não terem percebido o momento pelo qual passamos. Esse momento único, grave e jamais vivido na história da Repar tem exposto semblantes de preocupação e incertezas, até mesmo em empregados que se achavam intocáveis, quer por ocuparem funções de gestão, quer por continuamente comporem grupos de contingência ou até mesmo por ignorância e egocentrismo se acharem acima de Deus ou pai d’Ele.

 

Enquanto muitos têm se juntado às frentes que lutam, e sempre lutaram, esses cegos do castelo se esmeram ainda em querer barrar o livre direito de manifestação, de busca de caminhos para evitar a privatização e/ou hibernação de unidades. Esses se portam como modernos capitães do mato, cegos que são para os grandes males dessa empresa, para o câncer chamado Gestão, e preocupam-se como sempre em cumprir e fazer cumprir normas, procedimentos e orientações que desviam o foco dos grandes problemas de gestão, manutenção e operação pelos quais temos passado.

 

 

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Temos divulgado com frequência esses problemas. Desrespeito à segurança, às pessoas e ao meio ambiente. Temos convivido rotineiramente com vazamentos, paradas emergenciais, unidades que não conseguem partir ou manter estabilidade operacional mesmo retornando de paradas de manutenção. Paradas essas que sequer atenderam os escopos reduzidos de intervenção e que têm essas pendências sendo sanadas na pós-parada, com as unidades em funcionamento.

 

Tudo isso acontecendo e, pasmem, tem gestor ou “aspone” destes preocupados com organização de vestiários, número de toalhas que cada TO possui, com cumprimento de treinamentos por pessoas que estavam ocupadas com tarefas de paradas de manutenção e praticamente sem tempo para acesssar intranet.  Um desses cegos do castelo, talvez travestido de Cotur dos Cotures, age exatamente assim. Preocupado com esse tipo de ocorrência, tenta intimidar, mostrar poder e não percebe o quanto se torna ridículo, sem foco e horizonte.

 

Os piores exemplares dessa casta sem vergonha na cara se apresentaram na recente mobilização que fizemos, ofereceram-se e sujeitaram-se em cumprir papéis nefastos e nojentos como, por exemplo, portadores de cartas intimatórias a serem entregues aos trabalhadores que estavam exercendo o direito de greve. Também teve o caso do engenheiro que se ofereceu para cuidar de vouchers de transporte para pelegos.

 

Todos esses seres, talvez acreditando em algum canto de sereia, continuam a seguir o rito dos perdidos. Não percebem que nesse momento até mesmo os objetivos e aspirações individuais passam pelo coletivo, pelo fortalecimento da categoria. As linhas de cortes estão prontas e vários grupos de desinteresse da empresa, seja Petrobrás ou a tal nova empresa, estão montados e é um exercício de cada um de nós ver se nos enquadramos em um ou mais desses grupos de desinteresse e que serão disponibilizados, seja por cargo/função, por tempo de carreira ou vida, aposentado ou não, por atividades que realizamos, entre outros…

 

Vale a reflexão e mais que isso, a ação e disponibilidade para lutar. Seguimos buscando o melhor.