Parada de manutenção na Repar chega ao fim: ao menos oito trabalhadores diretos foram vítimas da Covid-19 durante o procedimento

A greve sanitária realizada pelos trabalhadores da unidade foi fundamental para melhorar os protocolos sanitários na Refinaria.

 

Iniciada em meados de março, a parada de manutenção na Repar adicionou mais dois mil trabalhadores na rotina da unidade. O Sindipetro PR e SC foi contra a realização do procedimento durante a pandemia. Os trabalhadores realizaram uma greve sanitária entre os dias 12 e 16 de abril, o objetivo era suspender a parada por causa dos riscos de contaminações. O movimento fez com que a gestão da Repar adotasse uma série de medidas para garantir mais segurança aos trabalhadores.

 

De acordo com informações levantadas pelo Sindipetro PR e SC, desde o início dos serviços de pré-parada, ao menos oito trabalhadores da refinaria foram vítimas fatais do coronavírus. Entretanto, o sindicato acredita que esse número pode ser maior, já que a empresa não tem divulgado o número de trabalhadores contaminados, afastados ou recuperados do Covid-19. “Diferente do que a gestão está falando, que deu tudo certo, que não aconteceu nada, a gente ficou sabendo de trabalhadores que morreram de Covid”, afirmou Thiago Schmidt Olivetti, diretor do sindicato.

 

É importante destacar que as melhorias nos protocolos sanitários foram vitórias do movimento grevista. Entre as conquistas está a testagem no início da jornada de trabalho, que antes era feita apenas no final; o reforço na limpeza e higienização das áreas comuns, como o vestiário, a copa e as estações de trabalho; o controle da quantidade de pessoas no acesso ao espaço confinado; a entrega de álcool em gel; e a intensificação de orientações por meio da comunicação visual, com faixas, banners e adesivos. A pressão da greve fez com que a gestão da Repar adotasse várias medidas para aumentar a segurança na unidade.

 

Vazamentos

Chegou ao conhecimento da direção do Sindipetro PR e SC, que depois da volta das operações na Repar aconteceram vários vazamentos em sequência. Só no último mês foram quatro: gasóleo, nafta, monóxido de carbono e soda no permutador.

 

Esses vazamentos são preocupantes, já que a unidade acabou de passar por um grande procedimento de manutenção. A avaliação é de que eles são reflexo da precarização e do desmonte na refinaria. A precarização dos serviços pode levar a graves acidentes, com sérios danos às pessoas, ao meio ambiente e ao patrimônio, colocando em risco os trabalhadores e as comunidades localizadas no entorno da unidade.

 

O vazamento de nafta, por exemplo, aconteceu ao lado de trabalhadores que estavam desmontando um andaime. O produto contém benzeno que é uma substancia cancerígena. “O pessoal cheirou essa nafta, esse benzeno, vai saber os problemas que podem causar na saúde deles”, questionou Olivetti. O gasóleo, também é um produto de risco que pode causar graves queimaduras.

 

Assim como na Repar, outras refinarias da Petrobrás têm passado por um processo de precarização da segurança industrial. Recente a Federação Única dos Petroleiros (FUP), apontou que as unidades que foram colocadas à venda estão sendo as mais afetadas por essa política de desmonte da atual gestão da Petrobrás. “É uma junção de condições negativas e perigosas que estão transformando as refinarias em bombas relógio”, denunciou Deyvid Bacelar, coordenador da FUP.

 

A FUP tem criticado a terceirização precária e alertado sobre os riscos desse processo. “Estão sendo contratados técnicos de segurança terceirizados com baixos salários e benefícios reduzidos e sem treinamento adequado para atuar na segurança industrial. Simultaneamente, os técnicos de segurança próprios, e com larga experiência, estão sendo desmobilizados e muitos incentivados a aderir ao Plano de Demissão Voluntária (PDV), oferecido pela estatal”, disse Bacelar.

 

O Sindipetro PR e SC reafirma que os petroleiros e petroleiras precisam estar unidos e denunciar ao sindicato e a CIPA as ocorrências de segurança. Elas são importantes para combater os desmontes promovidos pela atual gestão entreguista, que com objetivo de vender as refinarias, tem buscado reduzir custos mesmo que isso coloque em risco as pessoas e a comunidade próxima da Repar.