Perniciosa: uma reflexão sobre as “relações sociais” dos gestores da Repar

Dirigente sindical sofre tentativa de intimidação por policial militar

Como uma palavra tão bela e sonora pode significar algo tão repudiante. Pois bem, foi que assistimos hoje, em mais um ataque com a utilização de práticas antissindicais por parte de elementos que trabalham na Repar. Não é de agora que existe uma relação bastante confusa, na qual trabalhadores se dirigem no horário de almoço ao refeitório e encontram uma realidade que não traduz a de uma indústria, mas semelhante à de uma caserna. Entre os olhos, além dos pratos do cardápio do dia, os trabalhadores também enxergam homens armados. São policiais militares e rodoviários federais que viraram paisagem natural do refeitório da refinaria. O que isso significa? Trata-se de uma relação que vem sendo construída ao longo do último ano, mas que não se reduz aos repressores do estado.

 

A Polícia Militar tem a função de vigilância ostensiva contra o crime. Já a Polícia Rodoviária Federal, de vigilância ostensiva do trânsito nas estradas. Ambas não têm qualquer relação direta ou comercial com a atividade-fim da empresa. Os trabalhadores não são criminosos e a presença dos agentes públicos de segurança contrasta com a realidade de uma indústria de petróleo.

 

Não bastasse isso, habitualmente nos deparamos nas publicações da Repar com notícias de eventos de caráter social com a alcunha e justificativa de relacionamento com públicos de interesse dos gestores da refinaria. O que aconteceu nesta semana em nossa greve traduz perfeitamente a eficácia dessa perniciosa relação com agentes públicos, que nada tem a ver com a produção de derivados de petróleo, justamente num momento de conflito entre capital e trabalho. Policiais militares empurraram dirigentes sindicais durante o exercício do seu direito de convencimento de adesão à greve, previsto em lei, fazendo o papel desesperado de policial rodoviário federal para colocar trabalhadores dentro da unidade. Sem levar em conta outros fatos marcantes que aconteceram para prejudicar o exercício do direito de greve. Falharam.

 

A sonoridade da palavra “perniciosa” tem sido harmonizada pela maestria na qual os trabalhadores constroem essa greve, com firmeza e determinação.

 

Por Anselmo Ruoso

Dirigente sindical de base do Sindipetro PR e SC