Uma das consequências do plano de desinvestimentos da Petrobras, cujas cifras chegam aos US$ 13,7 bilhões, é a diminuição, ou até mesmo o encerramento, das atividades da Unidade Operacional Sul (UO-Sul), localizada no município de Itajaí-SC. De imediato, isso significa transformar a UO-Sul em um Ativo de Produção, o que representa uma drástica redução das competências e atividades da Petrobras na região Sul do país.
Uma Unidade Operacional faz pesquisas de exploração de novas áreas em busca de petróleo, desenvolve projetos para viabilizar a produção em novos poços, promove programas sociais e faz parcerias com universidades locais. Por outro lado, um Ativo de Produção tem sua atuação focada na operação dos campos de petróleo já existentes e as atividades são temporárias, uma vez que não há novos projetos. Também não desenvolve programas sociais e não firma convênios com universidade da região. Em suma, a diminuição da UO-Sul para um Ativo de Produção significaria sua extinção em médio prazo.
O presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, foi questionado pelo deputado federal Décio Lima (PT-SC) sobre a UO-Sul durante audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado. A resposta foi de que está sendo feito um “ajuste de gestão” e que as operações da UO-Sul passam a ser realizadas em Santos. Em uma clara tentativa de minimizar a desmobilização da UO-Sul, Bendine disse que existe uma “mudança administrativa que pode ser considerada até simbólica já que não representa redução das operações”.
No entanto, o “ajuste de gestão” é muito mais profundo do que afirma o presidente da empresa. Dos 142 empregados lotados em Santa Catarina, apenas 33 permanecerão em Itajaí para acompanhar a produção do campo de Baúna. Em um ano ou pouco mais, também devem ser transferidos, como já informou internamente a gestão da unidade, pois tudo será absorvido pela Unidade Operacional da Bacia de Santos – UO BS. Inclusive o embarque para a FPSO Cidade de Itajaí, a plataforma responsável pela produção de Baúna, será realizado através do município de Itanhaém-SP.
A única forma de a Petrobras continuar plenamente em Santa Catarina é através da manutenção da Unidade Operacional, autônoma e com seu corpo técnico preservado. Qualquer reestruturação significará o desmonte da exploração e produção Petrobras na região Sul. Cabe lembrar os resultados da UO-Sul, que acumulou receita de R$ 5,93 bilhões em 2014, gera 142 empregos diretos e possui parcerias com universidades da região. Pesa ainda em favor da manutenção das atividades da UO-Sul o fato de ela ser a quinta unidade do país em volume de produção e a mais eficiente da Petrobrás.