Petroleiros das refinarias entram em greve a partir desta sexta-feira (30)

Os trabalhadores das unidades de refino da Petrobras decretam greve por tempo indeterminado à zero hora desta sexta-feira (30). O movimento acontece em âmbito nacional e é motivado pela redução de postos de trabalho nas refinarias.

 

No Paraná, a greve atinge a refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), em Araucária, e a Usina do Xisto (SIX), em São Mateus do Sul. A mobilização foi programada para coincidir com a greve geral convocada pelas centrais sindicais contra as reformas trabalhista e previdenciária em trâmite no Congresso Nacional.

 

Recentemente a direção da Petrobras resolveu implantar de forma unilateral, ou seja, sem qualquer negociação com os trabalhadores, a diminuição média de 25% dos números mínimos dos postos de trabalho nos parques de refino. Para o presidente do Sindicato dos Petroleiros do Paraná e Santa Catarina, Mário Dal Zot, a medida aumenta os riscos aos trabalhadores. “Desde que a Petrobras decidiu reduzir os efetivos aconteceu uma série de acidentes nas refinarias, que antes disso já estavam operando com um número de trabalhadores abaixo do mínimo necessário para a segurança. A tendência é que os acidentes aumentem de proporções, colocando em grave risco os trabalhadores, as comunidades nos entornos das refinarias e os equipamentos”.

 

Desde a semana passada, quando começaram os cortes de postos de trabalho, foram registradas várias ocorrências. Na Replan (SP), a maior refinaria do país, onde a Petrobrás anunciou o corte de 54 trabalhadores das áreas operacionais, o desmonte já causou uma sequência de acidentes desde o último dia 22, quando houve uma explosão em um soprador do Setor de Destilaria. No final de semana, dois trabalhadores do Coque foram atingidos por um vazamento de nafta. Na Rlam (BA), que teve 63 postos de trabalho fechados, foram três acidentes em menos de três dias, sendo que duas ocorrências numa mesma unidade, onde um operador já havia sido queimado durante um vazamento. Na Reduc (RJ), dois trabalhadores foram intoxicados na refinaria de Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, e dois trabalhadores foram intoxicados pelo vazamento de gás sulfídrico e por pouco não morreram.

 

Um fator que aumenta ainda mais o clima de insegurança nas refinarias é o corte nos investimentos na manutenção dos equipamentos. “Contratos de prestação de serviços na área de manutenção das refinarias foram encerrados e houve consequentes demissões de terceirizados. A Petrobras se encontra em patamares semelhantes aos do início dos anos 2000, quando ocorreram graves acidentes, como o vazamento de quatro milhões de litros de petróleo nos rios Barigui e Iguaçu, aqui mesmo em Araucária, e o afundamento da Plataforma P-36. Estamos muito próximos de uma grande tragédia na Companhia”, alertou Dal Zot.