Por que a Fafen-PR segue hibernada, na contramão da reconstrução do Brasil?

Por que a reabertura da fábrica ainda não foi pautada na Diretoria Executiva e no Conselho de Administração da Petrobrás? A próxima reunião do CA é em novembro e é imensa a expectativa dos trabalhadores e dos setores produtivos que aguardam o anúncio da suspensão da hibernação, como foi prometido pelo presidente Lula e pelo presidente da estatal, Jean Paul Prates

O que falta para a reabertura da Fafen-PR? A pergunta segue engasgada na garganta dos cerca de mil trabalhadores que foram demitidos sumariamente em 2020, quando o governo Bolsonaro fechou a Fábrica de Fertilizantes de Araucária.

 

As direções da FUP, do Sindiquimica-PR, do Sindipetro PR e SC e do Sindimont-PR estão reiteradamente cobrando uma posição da diretoria da Petrobrás sobre a implementação dos encaminhamentos propostos pelos Grupo de Trabalho que estudou a viabilidade da reativação da unidade.

 

Por que a reabertura da fábrica ainda não foi pautada na Diretoria Executiva e no Conselho de Administração da empresa? A próxima reunião do CA é em novembro e é imensa a expectativa dos trabalhadores e dos setores produtivos que aguardam o anúncio da suspensão da hibernação, como foi prometido pelo presidente Lula e pelo presidente da Petrobrás, Jean Paul Prates.

 

A reabertura da Fafen-PR é de interesse nacional e tem urgência. A fábrica é a única que segue sob controle da Petrobrás, já que as duas outras unidades de fertilizantes (Bahia e Sergipe) foram arrendadas pelo governo passado. Diante de mais uma guerra, agora no Oriente Médio, que intensifica a crise internacional que se arrasta desde a guerra entre a Ucrânia e a Rússia, reativar a Fafen-PR torna-se ainda mais urgente.

 

Por sua pujança agrícola, o Brasil é o quarto maior mercado consumidor de fertilizantes do planeta. No entanto, na contramão das necessidades do país, a Petrobrás se retirou do setor de fertilizantes e, com isso, aumentou a nossa dependência externa, colocando em risco, a soberania alimentar do povo brasileiro.

 

Nosso país precisa importar cerca de 85% da sua demanda de insumos, sendo que 25% desse volume vinha dos russos. A Fafen-PR tem capacidade para produzir 1.975 toneladas de ureia e 1.303 toneladas de amônia por dia. Sua reabertura, portanto, é questão se soberania nacional, pois significa o retorno da Petrobrás ao mercado estratégico de fertilizantes.

 

Entre os direcionadores aprovados em junho pelo CA para o novo planejamento estratégico da empresa está o retorno da empresa ao segmento de fertilizantes. O GT que estudou a reabertura da Fafen-PR apontou que ela é viável economicamente.

 

A pergunta que não quer calar é: por que até agora essa decisão não foi tomada? O que falta para a suspensão da hibernação da fábrica? Será que estamos diante de mais um boicote dos mesmos setores bolsonaristas que levaram a categoria à greve em fevereiro de 2020 ao insistir no fechamento da Fafen-PR?

 

A guerra no Leste Europeu penalizou os países importadores de fertilizantes, sacrificando principalmente as nações mais pobres. Se o agronegócio brasileiro foi afetado, imagine os pequenos agricultores. Temos um novo cenário de guerra, que pode comprometer a cadeia agrícola, deixando novamente vulnerável o produtor rural brasileiro.

 

Até quando a diretoria da Petrobrás vai se submeter aos setores que tentam inviabilizar a reabertura da Fafen-PR?

 

[Editorial da FUP]