Um atendimento de saúde digno, com uma rede credenciada ampla e estabelecimentos conveniados de qualidade, está longe de ser uma realidade para os petroleiros, especialmente os de Santa Catarina. Faltam especialistas, clínicas, hospitais e anestesistas. As liberações de procedimentos são demoradas e os reembolsos, previstos no Acordo Coletivo de Trabalho (ACT), raramente são efetuados dentro do prazo.
Não é de hoje que o Sindipetro Paraná e Santa Catarina denuncia os problemas e cobra soluções definitivas da gestão de Serviços Compartilhados e Assistência Multidisciplinar de Saúde (AMS). Compromissos assumidos em mesa de negociação são empurrados com a barriga e as medidas que são adotadas, além de demoradas, são meramente paliativas.
Os problemas, no entanto, transcendem a esfera administrativa da AMS e indicam a formação de um verdadeiro cartel na área da saúde em Santa Catarina. Há indícios de que plano de saúde privado atua no sentido de cooptar profissionais e estabelecimentos para não se credenciarem com a intenção de fragilizar cada vez mais a AMS e abocanhar um contrato milionário.
No começo do mês ocorreu reunião no Rio de Janeiro com os sindicatos, FUP e Petrobrás para tratar das pendências do ACT em relação à AMS. Os representantes do Sindipetro PR e SC cobraram mais uma vez o aumento do valor do reembolso de anestesia. Ficou acordado que será repassado o que a quinta edição da Tabela de Honorários da Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM) prevê, o que vai aumentar os valores do reembolso. Sobre a falta de anestesistas na região Sul, a empresa alegou que ainda não conseguiu ampliar a rede credenciada por problemas de valores.
Em relação à cobertura da AMS para aposentados da Transpetro, a Companhia disse que concluiu os estudos sobre os impactos financeiros e encaminhou à direção da Transpetro. Nas meias palavras deixaram escapar que o custo é alto e isso dá a entender que a mera negociação não será suficiente para a conquista desta pauta. Será necessária uma mobilização de âmbito nacional.
Por outro lado, enquanto os petroleiros amargam restrição de acesso a procedimentos e péssimas condições de tratamento médico, o Manual de Operações da AMS, documento guardado a sete chaves pela empresa, garante aos diretores da Petrobrás e subsidiárias o reembolso total de toda e qualquer despesa relativa ao atendimento à saúde e os isenta da coparticipação. A tese se confirma: Procop é coisa pra peão!
Reunião específica
No dia 03 de setembro, em São Paulo, dirigentes do Sindipetro Paraná e Santa Catarina participam de reunião com a Gerência de Serviços Compartilhados e AMS. A pauta geral é velha conhecida: credenciamento, anestesistas e precariedade no atendimento dos estabelecimentos conveniados. A novidade agora é que também estará em discussão a gestão local de AMS em Santa Catarina.