Nesta sexta-feira (18), quando o edifício sede da Petrobrás (Edise) no Rio de Janeiro amanheceu repleto de petroleiros de todo país que protestavam contra a venda dos campos terrestres de produção, manifestações nos terminais da Transpetro das cidades de Biguaçu, Guaramirim e Itajaí, todos em Santa Catarina, reforçaram a luta contra a privatização da estatal petrolífera brasileira.
No terminal de Itajaí, os petroleiros decidiram estender a paralisação da unidade por todo o dia. Nos demais terminais aconteceram atrasos de pelo menos três horas nas atividades.
A mobilização no Rio foi motivada pelo fato de a Petrobrás receber nesta sexta-feira as propostas para a venda dos campos terrestres. “É muita hipocrisia do Pedro que mente falar em saúde financeira da empresa e ao mesmo tempo colocar ativos rentáveis à venda, abrindo mão de reservas de petróleo. É uma incoerência total! Comportamento de quem está comprometido e subordinado à Shell, Chevron e outras multinacionais, mas não com a Petrobrás e o Brasil. O recado que nós passamos aqui, que seja em alto e bom som, é direcionado para as empresas que estão pensando em comprar fatias da Petrobrás. Vocês não vão ter um minuto de sossego se comprar”, disse o presidente do Sindipetro Paraná e Santa Catarina, Mário Dal Zot, durante o ato no Edise.
Unificação
Além de representantes de todas as entidades filiadas à FUP, outros cinco sindicatos ligados à FNP aceitaram o convite e participaram do ato desta sexta-feira no Edise, ressaltando que “as lutas vão além do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) e da defesa da Petrobras, é uma luta conjunta em defesa da soberania deste país”, diz trecho da carta enviada pela FNP à FUP.
A FUP complementou que “as direções sindicais demonstrando maturidade de se unirem nessa hora de desmonte da Petrobras darão mais um estímulo para a categoria aderir à luta. A união de todos os petroleiros será nossa maior força”.
Avaliação da proposta da Petrobras
A Petrobras novamente provocou os trabalhadores com arrocho salarial e redução de direitos. Já com os rentistas, a empresa não economiza. Só este ano, destinou cerca de R$ 90 bilhões para o pagamento da dívida, entre juros e o montante principal, em detrimento dos investimentos, que sofreram uma redução de 31% desde janeiro.
Na reunião com a Petrobrás nesta quinta-feira, 17, a FUP deixou claro que os trabalhadores não pagarão essa conta e nem permitirão a privatização da empresa, que vem sendo acelerada a passos largos pela atual gestão.
A proposta apresentada pela Petrobrás mantém 6% de reajuste retroativo a setembro e acena com mais 2,8% em março do ano que vem, sem retroatividade. Além disso, a empresa insiste em alterar cláusulas do Acordo Coletivo que só serão objeto de negociação em setembro de 2017. A FUP afirmou que essa proposta já nasceu morta.
As representações sindicais deliberaram no último Conselho da FUP que só negociarão com a Petrobrás o Termo Aditivo do Acordo Coletivo, que trata unicamente das cláusulas econômicas, pois todas as demais têm validade de dois anos. Propostas relacionadas à hora extra, jornada de trabalho ou qualquer outro item do ACT devem ser remetidas para as Comissões de Negociação, após o fechamento do acordo.
Nesta sexta-feira o Conselho Deliberativo da FUP volta a se reunir para avaliar a nova proposta da Petrobrás e definir os próximos passos da campanha salarial. A reunião terá início às 14 horas.