Trapalhadas e demora, a realidade do serviço de atendimento emergencial no Sistema Petrobrás
Saúde e segurança deveriam ser prioridades absolutas na gestão de uma unidade industrial petrolífera por causa dos riscos iminentes da atividade. A companhia aponta tal conduta nos primeiros itens do seu código de ética: “o respeito à vida em todas suas formas, manifestações e situações é o princípio ético fundamental e norteia o cuidado com a qualidade de vida, a saúde, o meio ambiente e a segurança no Sistema Petrobrás”.
Como diz a máxima popular, o papel aceita tudo. Já a realidade é muito diferente. Dois casos recentes, um no Terminal Transpetro de Paranaguá (Tepar) e uma simulação na Repar, colocam em xeque a postura que a empresa diz ter no código de ética. Em ambas as situações o atendimento emergencial socorro passou longe do minimamente adequado.
No Tepar um companheiro apresentou sintomas de problemas cardiovasculares e sua pressão arterial estava elevada. Foi aí que veio à tona todo o despreparo em relação ao socorro. O preposto da empresa onde trabalha a vítima apareceu no Terminal com uma motocicleta. O Tepar até possui uma ambulância, mas não há socorrista. A solução encontrada por um gerente foi acionar o SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), mas após ½ hora de espera, um vigilante transportou o empregado com seu próprio veículo ao hospital.
Já na Refinaria de Araucária um trabalhador caiu dentro de uma canaleta. Não ocorreram problemas no socorro porque a Repar ainda conta com um serviço de atendimento emergencial próprio. O problema é que a unidade passa por um desmonte na Segurança, Meio Ambiente e Saúde (SMS). Há poucos dias o Sindicato foi procurado pelos trabalhadores da ISI/Repar (Inspetores de Segurança Interna) para tratar de uma série de problemas do setor e eles demonstraram preocupação com relação à equipe de emergência. Alertaram que a empresa quer diminuir o efetivo do ISI com a retirada da função de condutor de veículo de socorro. O serviço de transporte emergencial cabe à Plus Santé. Como terceirização nunca foi sinônimo de melhoria na qualidade de serviço, uma simulação realizada recentemente mostrou que o deslocamento de um possível acidentado demoraria mais de uma hora.
Os fatos comprovam que os gestores pouco se importam com o Código de Ética e a segurança, o que vale mesmo é busca ensandecida pelo lucro, custe o que custar, leia-se PROCOP.
Diante do problema crônico nos serviços de emergência, o 9º Congresso do Sindipetro PR e SC propôs que a companhia disponibilize uma equipe de socorro por grupo de turno composta de dois enfermeiros, um médico de sobreaviso e um condutor de ambulância. A reivindicação será objeto de negociação do ACT deste ano.