Refinaria privatizada fez dois aumentos seguidos e baianos já pagam 10,3% a mais no litro da gasolina

Entenda por que os preços vão disparar também nas refinarias da Petrobrás, cuja política de reajuste segue o mesmo princípio: paridade de importação

 

Uma semana após reajustar a gasolina em 9,7% e o diesel em 11,3%, a Refinaria de Mataripe, na Bahia, tornou a aumentar o preço dos combustíveis no último dia 15. A gasolina subiu mais 2% e o diesel S-10 aumentou 8,9%. Trata-se da antiga RLAM, refinaria que pertencia ao Sistema Petrobrás, mas foi vendida pelo governo Bolsonaro para a Acelen, do fundo de investimentos árabe, Mubadala, que agora é responsável pelos preços mais altos dos combustíveis no Brasil.

 

Segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o preço médio do litro da gasolina em Salvador chegou a R$ 5,56, o mais caro entre as capitais do país, na pesquisa feita entre os dias 9 e 15 de outubro. A Agência revelou que nesse período, ou seja, em apenas uma semana, o preço do combustível na capital baiana subiu 10,3%, em média, já que o litro chegou a custar R$ 0,52 a mais nas bombas de gasolina.

 

A RLAM foi privatizada em novembro de 2021, após ser adquirida pelo Fundo Mubadala, dos Emirados Árabes, pela metade do preço que valia. A gestão bolsonarista da Petrobrás vendeu a refinaria por US$ 1,65 bilhão, muito abaixo do valor estimado por especialistas, cujos estudos apontaram que a unidade baiana valia entre US$ 3 bilhões e US$ 4 bilhões.
Desde dezembro de 2021, a refinaria é operada pela empresa Acelen, do grupo Mubadala, que vem praticando um monopólio regional, impondo ao povo baiano seguidos reajustes dos combustíveis.

 

Em entrevista à Revista Forum, o coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, destacou a gravidade da política do governo Bolsonaro de privatização de refinarias da Petrobrás. “Ao vender a Rlam a direção bolsonarista da Petrobrás estimulou a criação de monopólio privado regional, que só beneficia o proprietário da empresa. Junto com a Rlam e sua logística de dutos e terminais, o fundo árabe Mubadala comprou o mercado consumidor cativo do Nordeste, ficando livre para executar política mais conveniente para elevar lucros da empresa”, explicou Deyvid.

 

Nas refinarias da Petrobrás, cuja política de preços dos combustíveis é a mesma praticada pelos donos da RLAM, os reajustes estão sendo segurados pelo governo Bolsonaro para obter ganhos eleitoreiros. No entanto, vários postos de gasolina já estão aumentando o preço nas bombas, segundo o mesmo levantamento feito pela ANP.

 

Se quisesse mesmo reduzir os preços dos combustíveis, Bolsonaro, como representante da União, que é a acionista majoritária da Petrobrás, teria alterado a política de preços da empresa, que segue a paridade de importação (PPI), coisa que ele não fez até hoje, faltando pouco mais de dois meses para terminar o seu mandato. Desde que assumiu a presidência, o óleo diesel subiu 165,9% nas refinarias e a gasolina acumula reajustes de 118,3%.

 

Com informações da FUP e Revista Forum