Sociedade catarinense mobilizada na defesa da Petrobrás

Debate sobre a importância da Petrobrás para Santa Catarina lotou o auditório da Câmara de Joinville.

 

 

Dezenas de petroleiros e verdadeiros cidadãos catarinenses e nacionalistas lotaram o plenarinho da Câmara de Vereadores de Joinville na noite da última terça-feira (03) para acompanhar o debate “A Importância da Petrobrás Pública para Santa Catarina”.

 

A atividade foi promovida pela Frente Parlamentar em Defesa dos Serviços e Empresas Públicas de Santa Catarina, que é composta por composta por 26 deputados e atua no sentido de denunciar e impedir a onda de privatizações das empresas estatais.

 

O petroleiro George Medeiros, técnico de faixas de dutos no Terminal Transpetro de Guaramirim (Temirim) e engenheiro de produção e segurança do trabalho, coordenou os trabalhos da mesa, mas também aproveitou para expor as controversas ações do governo federal e da direção da estatal. “As 20 maiores empresas de petróleo do mundo são estatais e nenhuma está à venda, assim como 92% das reservas mundiais de petróleo pertencem a petrolíferas estatais. Portanto, a Petrobrás segue o caminho inverso do resto do mundo. Não há tendência de privatização de empresas de petróleo no mundo, ao contrário disso”, apontou.

 

Para George, o debate foi uma oportunidade de dialogar com a sociedade sobre a importância estratégica da Petrobrás como alavanca do desenvolvimento nacional.

 

Desmonte, sucateamento e privatizações

O presidente do Sindipetro PR e SC, Mário Dal Zot, participou do debate e apresentou dados e informações sobre o desmonte da Petrobrás e a crise no setor. Segundo ele, o epicentro da crise dos combustíveis no Brasil está na atual política de preços adotada pela Petrobrás, com base na cotação do dólar e do petróleo no mercado internacional. “Dessa forma, os reajustes dos preços nas refinarias passaram a ser quase que diários. Desde julho de 2017, quando esse modelo passou a vigorar, a Petrobrás já alterou mais de 230 vezes os preços nas refinarias, com aumentos de mais de 50% na gasolina e diesel, enquanto a elevação nos preços do gás de cozinha alcançou 60% de reajuste”.

 

Mário denunciou a privatização desenfreada dos patrimônios da Petrobrás. “Sob a gestão de Parente/Temer, a Petrobrás se desfez de mais de 30 ativos estratégicos. Foram vendidos campos do Pré-Sal, sondas de produção, redes de gasodutos do Sudeste e Nordeste, distribuidores de gás, petroquímicas, termoelétricas, usinas de biocombustíveis e unidades de fertilizantes, tudo a preço de banana”, criticou.

 

O presidente do Sindicato ainda acusou o governo de crime contra a população ao reduzir intencionalmente a capacidade de produção das refinarias para favorecer a importação de combustíveis. “A Repar, por exemplo, opera atualmente com apenas 65% da sua capacidade instalada. A capacidade média de utilização das refinarias no Brasil está em 68%. Se a Petrobras utilizasse sua capacidade total de refino, cerca de 2,4 milhões de barris/dia, seria capaz de atender toda a demanda de consumo no Brasil”, afirmou.

 

Cessão onerosa do Pré-Sal

O presidente da Frente Parlamentar em Defesa dos Serviços e Empresas Públicas de Santa Catarina, deputado estadual Cesar Valduga (PCdoB-SC), criticou a aprovação do projeto de lei que permite à Petrobras transferir ou negociar os campos da cessão onerosa do pré-sal na Bacia de Santos. “Precisamos contar que o governo federal tem a responsabilidade com o patrimônio nacional, com nossas empresas e fundos e não é isso o que nós estamos vendo. No Congresso Nacional, a base governista conseguiu aprovar uma proposta que permite à Petrobrás transferir 70% de seu direito de exploração de cinco bilhões de barris de petróleo”.

 

Ainda segundo o deputado, ao potencializar empresas e cadeias de produção na indústria brasileira, foram gerados empregos e tributos para que o Brasil e o povo pudessem ser os principais beneficiados dessa política. “Agora essa lógica acaba de ser invertida com a aprovação da matéria. A Petrobrás é a maior empresa brasileira, uma riqueza que pertence ao povo. Quem votou pelo projeto cometeu um grande crime contra o nosso país e na verdade se voltou contra o patrimônio nacional, porque os grandes beneficiários dessa política serão as petroleiras internacionais. O texto aprovado permite a transferência da titularidade de até 70% dos direitos da Petrobrás sobre esse tipo de área à outra petroleira. Não podemos perder de vista o papel da Petrobrás para a soberania nacional e para a retomada do desenvolvimento”. 

 

Desenvolvimento e soberania

Por sua vez, Divanilton Pereira, vice-presidente da Central de Trabalhadores do Brasil (CTB) e diretor da Federação Única dos Petroleiros (FUP), enalteceu a realização do evento. “Creio que a conjuntura política brasileira requer mais diálogos como esse, que, na medida do possível, possam esclarecer maior um conjunto de homens e mulheres um pouco desapontados e disperso diante da crise política que vive infelizmente o nosso país”.

 

Em sua fala, Divanilton expôs sobre a caracterização histórica do desenvolvimento brasileiro e a importância da cadeia produtiva do petróleo nesse processo. Segundo ele, o Pré-Sal possibilitaria dar um salto no padrão do desenvolvimento brasileiro, mas o golpe político de 2016, que vem impactando sobretudo o Sistema Petrobrás, prejudicou a economia brasileira e ameaça a soberania nacional.