Petroleiros de todo país realizaram protestos nesta sexta-feira (29), Dia Nacional de Paralisação, convocado pelas centrais sindicais e organizações dos movimentos sociais. A pauta é bastante extensa, já que a classe trabalhadora vem sofrendo mais ataques aos seus direitos nesta nova legislatura do Congresso Nacional do que em todo o Regime Militar (1964 – 1985), conforme avaliação da Central Única dos Trabalhadores.
A Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei 4330/2004, que libera as terceirizações até nas atividades-fim das empresas, e uma série de outras medidas que limitam o acesso aos benefícios como seguro-desemprego, pensão por morte, abono salarial e previdência social. Já o conjunto de medidas de ajuste fiscal do governo, elaborado pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, sem qualquer diálogo com a sociedade, retira verbas de áreas essenciais para a classe trabalhadora, como saúde, educação e habitação. Enquanto isso, a taxação das grandes fortunas, que poderia gerar R$ 6 bilhões de impostos anuais à União, não avança. A política de austeridade retira das classes mais necessitadas e preserva as elites.
Os trabalhadores deixaram evidente o descontentamento com a agenda política e realizam uma série de manifestações nesta sexta. Nas bases do Sindipetro Paraná e Santa Catarina, o principal protesto foi realizado pelos petroleiros da Usina do Xisto, em São Mateus do Sul. Não houve a rendição do turno das 07h30 e os trabalhadores foram até a Sede regional do Sindicato, onde participaram de um debate sobre a conjuntura política e os ataques aos direitos. Na oportunidade, foi dado início à construção de um documento em defesa do Projeto SIX (Superintendência do Xisto), a ser encaminhado à gerência da SIX e à FUP. A proposta será levada aos demais grupos de turno e trabalhadores do administrativo para construir uma pauta única.
Na Repar ocorreram problemas que levaram ao cancelamento da atividade prevista. O Sindipetro Paraná e Santa Catarina e militantes do MST bloqueariam a BR 116, na altura do CEASA (Centro de Abastecimento Alimentar), o que impediria o acesso às demais rodovias, inclusive a que dá acesso à refinaria (Rodovia do Xisto), mas falhas na logística atrapalharam a chegada do pessoal o MST a tempo de realizar a manifestação. No entanto, os militantes impediram por mais de três horas o tráfego de veículos no Contorno Sul.
O Sindicato recebeu informações de que os gestores da Repar anteciparam a chegada de ônibus e vans do seu contingente pelego para frustrar o movimento. A mesma orientação teria sido dada aos terceirizados. Trata-se de uma postura lamentável, tanto por parte dos gestores, quanto por parte dos funcionários que acataram tal determinação. Se por um lado a estratégia da empresa faz parte de um jogo sujo na luta de classes; por outro, a participação de empregados é um ato vil e covarde.
Em Curitiba, dirigentes do Sindipetro Paraná e Santa Catarina participaram, a partir das 10 horas, da marcha dos servidores públicos, ato que faz parte do Dia Nacional de Paralisações. Dezenas de milhares trabalhadores do funcionalismo estadual saíram em passeata da Praça 19 de dezembro até o Centro Cívico para protestar contra o governador Beto Richa (PSDB), que está envolvido em esquemas de corrupção e enfrenta uma greve geral dos servidores por oferecer reajustes que sequer recompõe a inflação.
Na capital catarinense, o Sindipetro se une aos demais sindicatos e movimentos na manifestação que acontece a partir das 15h30, no Ticen (Terminal de Integração do Centro). A atividade é convocada pela CUT-SC e contará com paralisação do transporte público de Florianópolis.
O Dia Nacional de Luta mostra a reação dos trabalhadores à atual pauta política e econômica do país. Se os governantes, parlamentares, empresários e as elites não recuarem, as organizações dos trabalhadores e movimentos sociais devem partir para a construção de uma greve geral.