Possível parceria entre a Petrobrás e um conglomerado canadense gera preocupação
As declarações do diretor-financeiro da Petrobrás, Almir Barbassa, durante evento em Nova York, de que a empresa pretende obter US$ 14,8 bilhões com a venda e reestruturação de ativos já é motivo de preocupação. A luz de alerta acende mesmo quando se percebe que a área internacional da companhia vê como um ótimo negócio a formação de uma “joint-venture” (associação de empresas com fins lucrativos para explorar determinado negócio, sem que nenhuma delas perca sua personalidade jurídica) com empresa da Forbes & Manhattann.
O histórico deste conglomerado canadense no mercado é pautado pela aquisição de empresas falidas ou com resultados não tão atrativos, criar um grande plano de marketing para valorizar suas ações e posteriormente vendê-las. A Forbes já tem parceria com a Petrobrás na exploração de xisto na Jordânia. O fato curioso remete ao início do ano de 2007, quando houve a tentativa de suborno de engenheiros da SIX por uma empresa indiana para venda da tecnologia de exploração do xisto a Jordânia. A concessão obtida pela Forbes para exploração e lavra do xisto no Brasil é a mesma que a petrolífera indiana havia conseguido, que compreende a região de Canoinhas e São Mateus do Sul até o sul do estado de São Paulo. A Forbes pretende atuar na exploração do xisto no Brasil por meio da Iraty Energy.
Muito Estranho!
A preocupação cresce ainda mais porque ex-funcionários da Petrosix, inclusive responsáveis por patentes tecnológicas quando eram empregados da Petrobrás, atuam como consultores da própria Forbes ou estão em empresas com estreitas relações com o conglomerado canadense.
O Sindipetro Paraná e Santa Catarina questiona a parceria com a Forbes e suas reais finalidades. Também exige transparência e debate profundo sobre os planos de comercialização no mercado internacional dos ativos da Petrobrás, sob o risco de retrocesso ao período neoliberal, que tanto lesou a companhia e o país.
A importância estratégica do xisto
Marilin dos Santos e Patricia Matai, pesquisadoras da USP, demostram porque a exploração do xisto é estratégica para o país no estudo “A importância da industrialização do xisto brasileiro frente ao cenário energético mundial”, publicado em dezembro de 2010, na Revista Escola de Minas. “No que tange à viabilidade técnica e econômica, elas não se colocam como restrições. A viabilidade técnica do processo Petrosix está comprovada, pois países como Jordânia, Marrocos, Estados Unidos e China têm feito contatos com a Petrobras, visando a parcerias na produção de óleos a partir de xisto, utilizando a tecnologia Petrosix. Quanto à viabilidade econômica, a escassez do petróleo barato e de fácil obtenção certamente manterá o preço do barril de petróleo em valores vantajosos para a produção de óleo a partir de xisto, uma vez que os custos para exploração e produção dos recursos de petróleo disponíveis são cada vez mais elevados por serem de mais difícil exploração e a transição de uma matriz energética pautada em petróleo para outra é uma tarefa de longo prazo.”
O Xisto na Agricultura
Outro fator a ser considerado, não tratado neste estudo, é o grande potencial do xisto, após a extração de óleo e gás, na área agrícola como fornecedor de macro e micronutrientes, corretivo e rejuvenescedor de solos, além da eficácia no controle das doenças de plantas, mais ainda, em uma dimensão social, ambiental e econômica, que colocara a produção de óleo e gás na condição de subprodutos da industrialização do xisto. Tais aplicações, associadas à crescente demanda da agricultura nacional por esses insumos, deve ter um peso imenso em qualquer decisão relativa ao futuro da exploração do xisto.