Uma guerra silenciosa

Números de acidentes e mortes no trabalho são alarmantes. Hoje é dia de lembrar das vítimas e lutar por segurança

Um trabalhador morre por doença relacionada ao trabalho a cada 15 segundos. Segundo dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT) de 2013, dois milhões de pessoas morrem por ano em função de doenças ocupacionais no mundo. Já o número de acidentes fatais em serviço chega a 321 mil.

As estimativas da OIT apontam que ocorrem anualmente cerca de 270 milhões de acidentes de trabalho e aproximadamente 160 milhões de casos de doenças ocupacionais. Essas ocorrências chegam a comprometer 4% do PIB mundial. Cada acidente ou doença representa, em média, a perda de quatro dias de trabalho.

Ainda de acordo com a OIT, o Brasil é o quarto colocado no ranking mundial de acidentes fatais de trabalho. As estatísticas oficiais do Ministério da Previdência mostram que em 2011 foram registrados 711 mil casos de acidentes de trabalho, com 2.884 mortes e 14.811 casos de trabalhadores que sofreram incapacidade permanente. Naquele ano o país gastou mais de R$ 70 bilhões com assistência médica, benefícios por incapacidade temporária ou permanente, e pensões por morte de trabalhadores vítimas das más condições de trabalho.

O cenário é assombroso e revela uma guerra silenciosa imposta pelo sistema capitalista, onde o lucro sobrepõe a vida. Para denunciar o risco que a busca incessante pelo aumento da produtividade causa aos trabalhadores, a OIT estabeleceu, em 2003, o 28 de abril como Dia Mundial em Memória às Vítimas de Acidentes e Doenças Relacionadas ao Trabalho. A origem da data remete aos 78 operários mortos devido a um acidente na mina de Farmington, Virgínia, nos Estados Unidos, em 1969. Instituído no Brasil desde 2005, através da lei nº 11.121, o 28 de abril é uma data de reflexão sobre o modelo de sociedade e luta por melhores condições de trabalho.

A realidade petroleira
A pressão frenética pelo aumento da produtividade a qualquer custo é evidente no Sistema Petrobrás. As consequências, obviamente, são acidentes que poderiam ser evitados. Desde 1995, ocorreram 328 óbitos de trabalhadores em acidentes no Sistema Petrobrás. Desses, 264 eram terceirizados.

O aumento da terceirização, além dos prejuízos em relação aos salários e benefícios, revela a precarização das condições de trabalho. Há anos a FUP e os sindicatos de petroleiros lutam por mudanças na política de Segurança, Meio Ambiente e Saúde (SMS) da companhia, mas tal reivindicação tem sido pontualmente rejeitada nas mesas de negociação. Como os terceirizados recebem menos capacitação e prevenção de acidentes, um dos pleitos da categoria é o fim ou ao menos a diminuição das terceirizações. Porém, a empresa faz exatamente o caminho contrário. Os dados mais recentes, divulgados em 2003, mas referentes ao ano-base 2012, mostram que o Sistema Petrobrás tinha 360.372 trabalhadores terceirizados, contra apenas 85.065 próprios. Uma relação de 4,2 terceirizados para cada contratado diretamente. Fica evidente a postura de terceirização dos riscos em detrimento da segurança.