No dia em que a Petrobrás completa 72 anos de história, o Sindipetro PR e SC, junto com o Sindiquímica-PR e o Sindimont-PR, realizam um grande ato nesta sexta-feira (03), a partir das 7h, no portão PV5 da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), com o tema “Celebrar, Resistir e Repartir a Riqueza”.
A mobilização faz parte de uma campanha nacional de atos convocados pela Federação Única dos Petroleiros (FUP), que serão realizados em diversas unidades do país. A iniciativa defende um Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) digno, o fortalecimento do Sistema Petrobrás e reivindica que a riqueza produzida pelos trabalhadores e trabalhadoras da companhia seja repartida de maneira justa com eles e também convertida em benefícios para todo o povo brasileiro.
Em reunião realizada na quarta-feira (24), durante o Conselho Deliberativo da FUP, as direções sindicais reforçaram a necessidade de mobilizações para pressionar a gestão a apresentar uma contraproposta de ACT que atenda às principais reivindicações da categoria. Entre os temas centrais estão os equacionamentos da Petros (PEDs) e a Pauta pelo Brasil Soberano, que inclui propostas da categoria para uma Transição Energética Justa e o fortalecimento do Sistema Petrobrás.
O ato desta sexta-feira também terá como foco a defesa da PBio, que atualmente está sob ameaça de privatização. Em plena campanha reivindicatória, a gestão da subsidiária anunciou que pretende terceirizar postos de trabalho e transferir as usinas para uma nova empresa, com participação majoritária do setor privado, deixando os trabalhadores sem garantias sobre o futuro. A medida representa um ataque direto ao processo de negociação coletiva e ao projeto de fortalecimento do Sistema Petrobrás.
Os sindicatos reforçam que a participação de todos é essencial para celebrar os 72 anos da Petrobrás, resistir às ameaças de privatização e lutar pela repartição justa da riqueza gerada pelos trabalhadores da maior empresa brasileira.
Linha do tempo Petrobrás 72 anos: Celebrar, Resistir e Repartir a Riqueza
Anos 1940 – As origens da luta
Descoberta de petróleo em Lobato (BA), em 1939, e início da produção em Candeias (BA), em 1941. Nessa época, surge o movimento “O Petróleo é Nosso”, com forte mobilização popular e sindical. O petróleo é defendido como patrimônio do povo brasileiro, ligado ao desenvolvimento nacional.

1953/1989 – Fundação da Petrobrás e construção do parque de refino
Lei 2004 criou a Petrobrás em 3 de outubro de 1953. Missão: garantir a soberania energética e transformar o petróleo em riqueza nacional. Vitória da luta popular contra a entrega às multinacionais. Houve a expansão industrial e redução da dependência de derivados importados, com a construção de 12 refinarias estratégicas, incluindo a SIX (1972) e a Repar (1977) no Paraná, para abastecer o Brasil, gerar empregos e desenvolver a economia local. Avanços tecnológicos em águas profundas levam a Petrobrás a descobrir grandes reservas na Bacia de Campo (1973). Além da ampliação do setor de fertilizantes, que resultou na construção de três unidades da Fafen, incluindo a de Araucária, em 1982, o que contribuiu para a indústria química e agrícola nacional.

1990/2001 – Ataques à Petrobrás e resistência
Em 1993, nasceu a Federação Única dos Petroleiros, que junto com os trabalhadores resistiu ao desmonte do governo FHC. Políticas neoliberais provocam fim do monopólio da Petrobrás, privatizações e fechamento de subsidiárias. Houve uma redução drástica de investimentos e de efetivos: de 60 mil trabalhadores em 1989 para 38 mil em 2001, que resultaram em acidentes fatais e ambientais. Nesse período, houve a entrega de campos de produção e o projeto de mudança do nome da estatal para Petrobrax. Além da tentativa de privatizar as Fafens.

Mesmo em meio às crises econômicas e às pressões privatistas,a categoria petroleira resistiu. O período foi marcado por greves históricas, como a de maio de 1995 (32 dias), e mobilizações contra privatizações e desmonte do Sistema Petrobrás, bem como a criação dos Comitês de Defesa do Sistema Petrobrás e campanhas nacionais: “Privatizar Faz Mal ao Brasil”.
2002/2014 – Retomada de investimentos
A Petrobrás volta a ter centralidade no projeto de desenvolvimento nacional. Os investimentos cresceram de R$ 9,2 bilhões em 2001 para R$ 104 bilhões em 2013, com expansão do refino, retorno da Fafen-PR ao Sistema Petrobrás, que havia sido privatizada em 1993. Nesse período, o país alcançou autossuficiência em petróleo (2006) e descobriu o Pré-Sal (2007), marco que levou à criação do regime de partilha, garantindo ao Estado maior controle sobre essa riqueza e à Petrobrás a função de operadora única.

As refinarias Clara Camarão (RPCC) e Abreu e Lima (RNEST) passaram a operar. A estatal também expandiu sua atuação em gás, energia, fertilizantes e biocombustíveis. Ampliou investimentos em pesquisa e se consolidou como líder mundial em águas profundas e criou o Fundo Social do Pré-Sal, que destina receitas do petróleo para educação e saúde.
2016/2022 – Desmonte e privatizações
Após o golpe na presidenta Dilma Rousseff, houve interrupção de investimentos na companhia, com a entrega de ativos estratégicos. As refinarias Landulpho Alves (RLAM-BA), Isaac Sabbá (REMAN-AM) e a Unidade de Industrialização do Xisto (SIX-PR) foram privatizadas, além da venda da Liquigás, BR Distribuidora, entre outros desinvestimentos feitos no governo anterior. A política de preço dos combustíveis foi alterada para o Preço de Paridade de Importação (PPI), prejudicando o bolso do povo brasileiro. A Repar também entrou na mira das privatizações e Fafen-PR foi fechada, deixando cerca de mil trabalhadores desempregados.

2023/2025 – Retomada do papel social
Com a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, inicia-se um novo ciclo de investimentos em refino, fertilizantes e energias renováveis. A Petrobrás anunciou o novo Plano Estratégico, que prevê US$ 102 bilhões em investimentos para o período de 2024 a 2028, reafirmando seu papel como indutora do desenvolvimento nacional e seu compromisso com uma transição energética justa.

Durante visita à Repar, o presidente anunciou R$ 4,3 bilhões destinados às unidades da Petrobrás no Paraná, incluindo a reabertura da Fafen-PR, que deve gerar 29 mil postos de trabalho. Também foram realizados novos concursos, iniciando um novo ciclo de contratações, uma reivindicação da FUP e de seus sindicatos, para recompor os efetivos e frear a redução do quadro próprio de trabalhadores iniciada com o Plano de Demissão Voluntária de 2014.
No entanto, ainda há muito o que avançar. A Petrobrás Biocombustível (PBio) está sob ameaça de privatização. Em plena campanha reivindicatória, a gestão da subsidiária anunciou a intenção de terceirizar postos de trabalho e transferir as usinas para uma nova empresa, com participação majoritária do setor privado, deixando os trabalhadores sem garantias sobre o futuro. A medida representa um ataque direto ao processo de negociação coletiva e ao projeto de fortalecimento do Sistema Petrobrás.
Por Juce Lopes
Com informações da FUP