A mirabolante história do acampamento do gerente anti-SMS da Usina do Xisto

 

 

Segurança industrial é um tema pra lá de sério. Envolve a vida de trabalhadores e com isso não se brinca, definitivamente. Todavia, a história que vamos contar aqui pode apresentar variações entre o esculacho e a anedota, pois quando alguém se presta a um papelão desses, fica difícil conter o riso diante do ridículo.

 

Nosso protagonista é o sargento. A breve biografia laboral do personagem mostra que atuou por cerca de 10 anos como gerente de manutenção na Usina do Xisto (SIX), em São Mateus do Sul. Nesse tempo, aprontou umas do “arco da véia” com as normas e recomendações de segurança. Na lógica da “meritocracia inversa”, passou há pouco tempo para o cargo de gerente de Segurança, Meio Ambiente e Saúde (SMS) na Usina. Segura o riso ou a lágrima, ainda piora.

 

Entre os meses de maio e junho a SIX passou pela parada geral de manutenção de seu módulo industrial. Feliz, sargento começou logo com os dois pés no peito e meteu no primeiro dia uma PTT para se livrar da turma que zela pela segurança.

 

O serviço mais complexo e de difícil execução da manutenção da Usina foi no incinerador. A estrutura da parte de cima da chaminé de 100 metros estava corroída e foi necessário cortar 18 metros. Uma ação desse porte, com dezenas de toneladas de metal para remover, requereria uma série de ações de segurança e o cumprimento rígido das normas, mas não para o sargento. Ele tratou de montar um verdadeiro acampamento de guerra próximo ao incinerador. Instalou um container como se fosse uma espécie de QG e de lá mandava e desmandava na peãozada que estava lá no alto.

 

Para o sargento não tem tempo ruim. Chuva forte, raio e trovão? Moleza! Sobe lá e continua o serviço. As intempéries climáticas não causaram sequer receio no gerentão com a segurança dos trabalhadores da manutenção. Claro, no dos outros é refresco, diz a máxima popular.

 

Não se engane, leitor. Quem não teve que subir na chaminé também não teve vida fácil na parada. Lá embaixo, atolados no barro, trabalhadores viam cair pedaços da chaminé por todo lado. Contudo, uma coisa temos que reconhecer: o sargento é um cara de sorte. Mesmo com as ordens inconsequentes e expondo os trabalhadores a todos esses riscos, nada de grave ocorreu. Como não temos esperança de mudança na postura do gerente, a sorte deveria constar nas normas de segurança da Usina. Fica a dica para os mandatários da SIX. Como o Sindicato não concorda com nada disso, seguirá denunciando as atrocidades dos gestores aos órgãos competentes. E o recado é bem claro: tenham muita sorte, mesmo, pois se algum acidente mais grave acontecer, a reação será nas esferas cível e criminal.

 

Para encerrar, uma pergunta. Com os valores e normas de SMS construídos ao longo de anos de conscientização jogados no lixo durante a parada, qual será a validade de um DDS na SIX daqui para frente?