A gerência da refinaria expõe petroleiros ao ampliar gradativamente a demanda de trabalho à medida que o número de funcionários é reduzido. A consequência disso é um aumento do desgaste físico e mental
A recente explosão em Beirute, capital do Líbano, chocou o mundo. A proporção do acidente fez com que as imagens viralizassem. Mais de 150 pessoas morreram após cerca de 2.750 toneladas de nitrato de amônio, um material altamente explosivo, pegar fogo. O primeiro-ministro do país, Hassan Diab, disse que o produto era armazenado em um depósito perto do porto há seis anos “sem medidas preventivas”. O resultado desse descaso, além dos óbitos, são os inúmeros protestos pelo país.
E prevenção é a palavra-chave quando se trabalha com produtos que podem colocar a sociedade em risco. Como é o caso da Repar, em Araucária, uma das maiores refinarias do país. Porém, mesmo sabendo da sua responsabilidade com a segurança da unidade, a atual gestão da Petrobrás substitui o ato de prevenir pelo de punir.
Hoje a gerência da Repar executa ordens punitivas contra a categoria sem que uma equipe multidisciplinar composta por representante da CIPA, sindicato e SMS faça uma fiscalização adequada. As gerências que mais punem trabalhadores são a TE, UT e SMS.
Somado a isso, há um clima de terror entre os trabalhadores, pois eles são levados a não cooperar plenamente com as investigações por medo de retaliação.
Para o sindicato o Sistema de Consequência faz com que muitos petroleiros não denunciem problemas. “A empresa perde uma excelente oportunidade de aprender com os erros ao levar os trabalhadores a não relatar os pequenos incidentes e acidentes. Desse jeito começarão a aparecer acidentes que não poderão ser escondidos por serem mais graves”, explica Luciano Zanetti, dirigente do Sindipetro PR e SC.
Histórico
A partir de 2016, através de um programa chamado Compromisso com a Vida, a Petrobrás estruturou algumas ferramentas de gestão para auxiliar a tomada de decisões em relação a ocorrências, possibilitando aplicar o programa de Reconhecimento dos Empregados e o Regime Disciplinar.
Documentos que estruturam estes Programas mostram que as punições seriam aplicadas nos casos em que se comprovasse a culpa, por parte do empregado. Porém, a realidade não reflete essa premissa. Trabalhadores foram punidos com advertências, ou até mesmo suspensão, mesmo antes das Comissões de Investigação de Acidentes concluírem seus trabalhos.
Denuncie
O sindicato reitera que há risco de acidente ampliado na Repar, pois cresce gradativamente a demanda de trabalho à medida que o número de funcionários é reduzido. A consequência disso é um aumento do desgaste físico e mental.
Além disso, orienta todas e todos que de alguma forma se sentem prejudicados pelo Sistema de Consequência a procurar um dirigente sindical mais próximo ou entrar em contato com a entidade através dos canais de denúncia: denuncia@sindipetroprsc.org.br ou pelo telefone (41) 3332-4554, o anonimato é garantido e o caso encaminhado para análise jurídica, se necessário.
*Foto: Agência Reuters.