Comissão Parlamentar em Defesa da Fafen: Luta dos petroleiros une oposição e governo do Paraná

Deputados confirmaram comitiva em defesa da Petrobrás rumo ao Rio de Janeiro. A caravana foi definida durante sessão plenária na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), ontem (02)

 

A mobilização dos petroleiros ganha um novo capítulo no Paraná. Os trabalhadores lotaram as galerias da Alep, em Curitiba, ontem (02), para participar da sessão do legislativo que tratou, entre outros assuntos, do fechamento da Araucária Nitrogenados (Ansa/Fafen-PR), da privatização da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar/Araucária) e da Usina do Xisto (SIX), em São Mateus do Sul.

 

Durante o encontro, os parlamentares paranaenses, tanto da oposição como governistas, se comprometeram em formar uma comitiva, ainda sem data definida, rumo ao Rio de Janeiro, para defender a permanência da Petrobrás operando no estado. Representando os petroleiros na sessão, Paulo Antunes, trabalhador da Fafen-PR e diretor do Sindiquímica-PR, fez um raio x da importância das unidades da companhia para o Paraná.

 *Foto: Orlando Kissner (Alep)

O dirigente também falou dos impactos negativos que a privatização da Repar e da SIX trará para o estado. “Araucária depende da Fafen e da Repar, assim como São Mateus do Sul é altamente dependente da Usina do Xisto. Só a Repar arrecada R$ 3 bi por ano para o Paraná. Ela transforma nossa sociedade. Todas as cidades ganham com a Petrobrás”, explicou.

 

Parlamentares

 

A sessão foi proposta pela bancada de oposição. Como representante, Professor Lemos foi objetivo: “faremos essa comissão, vamos juntos, o Paraná e o Brasil precisam dessa empresa funcionando”. Já o líder governista, Hussein Bakri, além de solidário à luta dos petroleiros, disse que vai levar o tema à Ratinho Jr. “Ele também tem todo interesse na manutenção destas unidades, contem conosco”.

 

O deputado Michele Caputo, que passou a somar na luta, disse que a proposta é montar uma comitiva paranaense para se encontrar com os representantes da companhia: “a gente está propondo, com o apoio do governo e da oposição, de forma consensuada, uma comitiva de deputadas e deputados do Paraná, convidando também o executivo, para fazer audiência lá no Rio de Janeiro. O assunto é extremamente importante.

 

Já o presidente da Alep, Ademar Traiano, após explanação dos participantes, prontamente determinou que se forme a comissão dos deputados e que a casa legislativa do Paraná irá dar todo suporte para viabilizar que a comitiva vá e faça a audiência no Rio de Janeiro.

 

Discurso emocionante – 42 dias de resistência

 

Durante a sessão, Paulo Antunes fez uma fala para a família petroleira: “estamos faz 42 dias na ocupação. Tentamos sensibilizar a gerência da Petrobrás, a sociedade, a classe política e o governo federal. São dias de sofrimento e angústia. Temos trabalhadores na Fafen que têm filhos com problemas gravíssimos e que dependem de um plano médico, por exemplo”.

 

O petroleiro, em frente aos deputados estaduais, disse que não quer que os mil trabalhadores da Fafen, com seus empregos em risco, façam parte da estatística dos mais de treze mil desempregado no Brasil. “Precisamos do apoio de todos. Independentemente da posição política. Quem está na resistência não é mais um companheiro de trabalho, é uma irmã ou um irmão, é uma família”, disse Paulo Antunes.

 

Além disso, o trabalhador não poupou críticas a agenda econômica do atual Governo Federal, principalmente diante dos consecutivos aumentos dos preços dos combustíveis e do gás de cozinha, além do processo de desindustrialização do país: “a China está comprando tudo no Brasil. Paulo Guedes, que critica o estado, está entregando nosso patrimônio para as estatais chinesas”.

 

Depois, já na sala de imprensa, Paulo Antunes fez um resgate histórico da importância das decisões políticas para manter a Petrobrás operando no Paraná. Ele explicou que essa posição do governo do estado é muito importante e lembrou do que aconteceu na Bahia na década de 90.

 

Em 93, quando privatizaram pela primeira vez a Fafen-PR, em Araucária, o processo não aconteceu na Fafen-BA por uma decisão política: “Antônio Carlos Magalhães (ACM), governador baiano naquele momento, não permitiu que a Petrobrás saísse do estado. Ele sabia da importância da empresa. Precisamos que o nosso governador também tenha esse sentimento”.

 

O que fica, desse dia importante para a mobilização nacional dos petroleiros, é que a Fafen ainda resiste, e muito. “São essas pessoas que estão aqui, pessoas de caráter, trabalhadores, que nos motivam”, finalizou Paulo Antunes.

A agenda de mobilização ganhou novos capítulos no Paraná e os trabalhadores da Fafen-PR correm contra o tempo. Em 06 está marcado encontro no Tribunal Regional do Trabalho (TRT), até essa data, as demissões na fábrica de fertilizantes nitrogenados estão suspensas. 

 

 

 

Por Regis Luís Cardoso.