Diploma de pelego

Gestão da SIX emite “certificado de reconhecimento” para os fura-greves e vira alvo de chacotas dos trabalhadores.

 

 

 

No âmbito da coletividade dos trabalhadores, não há maior desonra que burlar um movimento grevista. Tal ato é visto como traição e oportunismo, já que as motivações mais comuns são medo de retaliações e aumento da remuneração através das horas extras e possíveis promoções.

 

No caso da mais longa greve na Usina do Xisto (SIX), em São Mateus do Sul-PR, que durou de 1º de setembro a 15 de outubro deste ano, aquela máxima popular “nada é tão ruim que não possa piorar”, inspirada na Lei de Murphy, aplica-se perfeitamente àqueles que furaram o movimento.

 

Não bastasse a vergonha perante seus pares, a gestão da unidade teve a “brilhante” ideia de emitir um certificado de reconhecimento para os fura-greves. “A Unidade de Industrialização do Xisto – SIX, (sic) agradece e reconhece sua atuação na equipe de contingência formada pela empresa para manter as operações essenciais durante o período de greve”, diz trecho do documento prontamente batizado de “diploma de pelego”.

 

Não parece difícil imaginar que o gesto de “reconhecimento” tornar-se-ia motivo de chacotas entre a força de trabalho da Usina. Talvez a incompreensão sobre a coletividade entre os trabalhadores da SIX possa ser uma justificativa. Todavia, a única certeza é que o destino do certificado está mais para a lata de lixo do que para a parede.

 

O movimento 

A greve na Usina do Xisto durou 45 dias e foi deflagrada em função da imposição por parte da empresa de uma nova tabela de turno que reduzia a jornada de trabalho de oito para seis horas, em descumprimento do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT). Tal medida diminuiria o número de folgas dos empregados, causando prejuízos ao convívio social e familiar dos petroleiros. A resistência e união da categoria durante o longo movimento paredista foram fundamentais para barrar a fatídica atitude da empresa.