Anúncio da privatização da Fafen-PR, feito pela direção golpista da Petrobrás na segunda-feira (11), motivou a manifestação das categorias co-irmãs.
Os petroleiros e petroquímicos do Paraná e Santa Catarina escreveram nesta quarta-feira (13) mais uma página na história da luta da classe trabalhadora brasileira. Em ato unificado e simbólico das categorias, deram o recado à direção da Petrobrás e ao governo golpista de Michel Temer que não haverá privatização sem resistência.
A manifestação foi motivada pelo anúncio feio pela Petrobrás na segunda-feira (11) sobre o “início do processo competitivo para venda da Araucária Nitrogenados (Fafen-PR) e da UFN-III”. A comercialização dessas duas unidades significa a saída da estatal do setor de fertilizantes.
Como o Brasil produz apenas 24% dos fertilizantes que consome, os outros 76% vêm de importação de multinacionais como Bunge e Cargill, essa privatização representa uma séria ameaça à soberania nesse setor estratégico para um país que tem na produção de alimentos e na exportação de grãos um importante mercado para a economia nacional.
No entanto, a direção da Petrobrás não terá caminho fácil para viabilizar a venda. Para o ato desta quarta, os petroleiros saíram em marcha por cerca de um quilometro, distância entre o portão principal da Repar e a entrada da Fafen-PR, na área industrial do município de Araucária, na região metropolitana de Curitiba, em demonstração de solidariedade aos petroquímicos e união nesta luta contra as privatizações. “Foi um dia histórico que renova essa aliança na luta entre os petroleiros e os petroquímicos do Paraná e Santa Catarina. Estamos juntos nessa luta e não vamos deixar esse entreguista do Pedro Parente vender o patrimônio público a preço de banana, jogando para o capital externo nossas indústrias de refino e petroquímica. A classe trabalhadora demonstra que está unida e vamos fazer de tudo para vencer mais essa batalha”, disse Mário Dal Zot, presidente do Sindipetro PR e SC.
O secretário de comunicação da FUP e dirigente do Sindiquímica-PR, Gerson Castellano, que é trabalhador da Fafen-PR, também ressaltou a união das categorias. “Esse ato mostra que a unidade classe de trabalhadores precisa ser reafirmada a cada dia. Precisamos entender que somos proletários, trabalhadores, e que a luta de classe está colocada. É mais que solidariedade, é o nosso instinto de sobrevivência que agora está sendo posto à prova. A privatização da Fafen sendo indicada é um grande sinal para que outras ocorram em todo o Sistema Petrobrás. Então, o simbolismo do pessoal da Repar participar em conjunto aqui é algo muito forte, que nos anima e mostra que ainda é possível avançar na construção do ideal da luta de classe”.
O coordenador da FUP, José Maria Rangel, participou do ato e destacou o protagonismo da Petrobrás. “Temos que fazer uma breve avaliação da conjuntura que estamos atravessando nesse país. Em todos os momentos de golpe no Brasil, todos eles, a nossa empresa Petrobrás foi um dos pontos centrais. Para quem quiser revisar a história, leiam a carta de Getúlio Vargas escrita antes dele cometer o suicídio. Ele cita a Petrobrás, cita que um dos motivos da perseguição a ele foi o fato de ter criado a Petrobrás. Releiam o discurso de João Goulart em março de 1964, na Central do Brasil, antes de ele ser golpeado. Ele também cita a Petrobrás. E agora, no golpe que foi dado em nosso país, nós não temos dúvida em afirmar que um dos motivos também é a Petrobrás. E por que a Petrobrás? Porque ela é o retrato de um povo que dá certo. Ela é o retrato de um país que não se submete aos ditames do capital internacional. A Petrobrás representa o que há de melhor no povo brasileiro. Por isso que eles tanto atacam a Petrobrás. O nosso calvário começa a partir do momento que nós, trabalhadores e trabalhadoras brasileiros, descobrimos o pré-sal”, afirmou.
A luta em defesa da Fafen-PR enquanto subsidiária integral da Petrobrás deve ser radicalizada daqui para a frente. “Na parte jurídica, fizemos denúncias ao Ministério Público do Trabalho e à Polícia Federal porque esse processo de desmonte já ocorre há muito tempo. Eles (direção da Petrobras) estão sucateando, precarizando e não estão produzindo. Agora nós vamos fazer algumas ações mais contundentes. Se for o caso, até de construir uma grande ocupação nessa unidade. Que os trabalhadores tomem a frente, ocupem essa fábrica e produzam esse insumo tão necessário para o país”, apontou Castellano.