Gestão da SIX faz locaute e fede enxofre

Por falta de contingente qualificado, fábrica despejou o elemento químico no ar.

Davi Macedo – Sindipetro PR e SC 

Toda ação corresponde a uma reação de igual intensidade, mas que atua no sentido oposto. A terceira lei de Newton foi mais uma vez comprovada nesta quarta-feira (31), na Usina do Xisto (SIX), em São Mateus do Sul.

A gestão novamente fechou os portões e barrou a entrada dos trabalhadores. A operação da fábrica continuou pelas mãos de um contingente reduzido e ilegal da empresa, pois não foi constituído a partir de negociação com o Sindicato, conforme prevê a legislação.

Tal prática caracteriza locaute e escancara a irresponsabilidade dos gestores. Ao manter as atividades com um efetivo reduzido e sem qualificação – há evidências de desvios de funções, a empresa coloca em risco os trabalhadores, a população das comunidades do entorno da fábrica e as instalações.

Como toda ação gera uma reação, os efeitos das desventuras da administração já começaram a aparecer. Um problema de falta de energia elétrica e a demora para retomar o funcionamento das unidades, consequência da falta de pessoal capacitado, fizeram com que a SIX jogasse enxofre pelo ar nesta quarta-feira.

O ponto mais alto de toda a fábrica é da Unidade de Recuperação de Enxofre (URE). A partir daquela chaminé, a SIX lançou compostos gasosos de enxofre na atmosfera, capazes de causar chuva ácida. O mau cheiro incomodou os moradores das vilas próximas.

Como o Sindipetro PR e SC denunciou na terça-feira (30), a unidade que teve as atividades suspensas por causa da greve foi a que gera GLP. O gás de cozinha é o único item essencial à sociedade produzido na SIX. Portanto, com a situação de agravamento da pandemia, a fábrica nem deveria estar em funcionamento.

Para Mário Dal Zot, secretário jurídico e de relações institucionais da FUP, que é petroleiro lotado na Usina do Xisto, além de diretor do Sindipetro PR e SC, o problema na SIX não é apenas a intransigência da empresa em não aceitar a negociação da pauta dos trabalhadores. “A pelegagem atrapalha demais. E a pior ‘espécie’ de pelego é aquele que durante a greve vai ocupar o lugar de um grevista, desviando a sua função e assumindo uma responsabilidade sem tamanho. Por exemplo, em caso de um acidente ele coloca a sua vida e dos demais em perigo, pois realiza atividades para as quais não está capacitado. Isso implica em responsabilidade cíveis e criminais. Além disso, será cobrado pelos seus pares posteriormente pelo ato de traição da luta coletiva”, afirma.

A categoria segue em greve para buscar a negociação sobre a pauta de reivindicações protocoladas junto à Gerência Geral da SIX em 18/02. O documento traz itens relacionados às condições de trabalho e garantia de direitos caso se confirme a privatização da unidade, bem como à segurança dos trabalhadores, instalações e comunidades do entorno da SIX.