Governo Federal vira as costas ao principal acionista do Brasil: o povo

“Controlar o preço dos combustíveis, principalmente o gás de cozinha, gasolina e diesel, é exercer a soberania plena para favorecer o povo brasileiro e não dar privilégio à importadores e acionistas da Petrobrás” – disse Mário Dal Zot, presidente do Sindipetro PR e SC, durante lançamento da “Frente Parlamentar e Popular em defesa da Soberania Nacional”, em 02 de dezembro na Alep

 

Empresas públicas estão na mira do Governo Federal. Petrobrás, Correios e Eletrobrás vivem momentos de insegurança e, nesse contexto, representantes dessas estatais, ao lado dos movimentos populares, partidos políticos e centrais sindicais, participaram do lançamento da “Frente Parlamentar e Popular em defesa da Soberania Nacional”, no Plenário da Assembleia Legislativa do Paraná, na noite de 02 de dezembro.

 

Com proposição do deputado estadual Tadeu Veneri (PT), a Frente trata da soberania nacional e tem o objetivo de livrar o Brasil da política neoliberal de Paulo Guedes, para retomar o caminho do desenvolvimento social e tecnológico.

 

O presidente do Sindipetro PR e SC, Mário Dal Zot, representando os petroleiros e o Fórum de Defesa da Petrobrás, fez uma análise precisa da situação da Petrobrás. Ele acredita que para frear a agenda política da atual gestão da Companhia é “necessário cobrar pela redução do preço dos combustíveis”.

 

Durante sua fala, Mário enfatizou que a maior descoberta de petróleo dos últimos 30 anos no mundo está em risco: “entregar o Pré-sal é punir o povo brasileiro, principal acionista da Petrobrás”. Ele acrescentou que o Governo Federal está na mão do mercado internacional, que dá as cartas no Brasil.

 

“Um exemplo são os recentes leilões das cessões onerosas do Pré-sal, em que não houve compradores e a estatal ficou com as áreas que ele mesma colocou à venda”, para o petroleiro, essa é uma ação orquestrada, pois com a privatização, as multinacionais irão adquirir tudo que a estatal representa por um valor mais barato.

 

Refino, Xisto, fertilizantes e gasodutos

 

O alerta está dado. Seja em audiências públicas ou no lançamento da Frente parlamentar, os petroleiros estão comprometidos na defesa da soberania. Porém, essa luta impacta toda sociedade. “É o nosso futuro e o das próximas gerações em jogo, principalmente porque saúde e educação são os maiores destinos dos fundos da Petrobrás”, aponta Mário.

A Repar, por exemplo, que está na lista vinculante das refinarias a serem privatizadas, representa sozinha 74% da arrecadação fiscal do polo industrial de Araucária; além disso, só em arrecadação para o município são outros 55%.

 

Em São Mateus do Sul, a Usina do Xisto (SIX), única fábrica no mundo que produz, de forma sustentável, derivados de petróleo através do xisto, também pode ser vendida: “querem entregar uma tecnologia brasileira e paranaense, que nos enche de orgulho. O interesse está na nossa tecnologia da extração do xisto, diferente de tudo que se tem no mudo”, disse Dal Zot.

 

No caso da SIX, há outro agravante, na estrutura da fábrica há uma unidade de GLP (gás de cozinha) parada desde abril. Enquanto isso, o botijão de gás, atrelado ao dólar, chega a preços elevados ao trabalhador. “É uma tremenda sacanagem, o termo é esse, indexar o valor do botijão de gás ao dólar, é um crime contra quem recebe em real”, critica.

 

Soberania alimentar: outro ataque está direcionado a Araucária Nitrogenados (Fafen-PR). Mário lembrou que duas dessas fábricas já foram fechadas (Sergipe e Bahia). Ambas produziam fertilizantes nitrogenados, principalmente a ureia, e, de acordo com o petroleiro, a importação desse produto colaborou com o aumento do preço da carne.

 

“Não é só a questão da China. Hoje há uma dependência do insumo agrícola. Com a seca no Mato Grosso, por exemplo, aumentou a necessidade da ureia, porém, o Brasil não está produzindo o suficiente. Pelo contrário, está fechando fábricas” – Mário Dal Zot.

 

Transportadora Associada de Gás S – TAG: o dirigente lembrou o exemplo da TAG, que teve seus gasodutos vendidos para grupos estrangeiros por 20 bilhões de reais e em seis meses a Petrobrás pagou, só de aluguel, R$ 3 bi. “Em três anos se paga só com aluguel esses gasodutos. Então é um entreguismo bárbaro o que está acontecendo no Brasil”, completa o petroleiro.

 

Frente Parlamentar e Popular em Defesa da Soberania Nacional

 

A soberania só será garantida nas ruas. Hoje o Brasil importa cerca de 30% de derivados de petróleo dos EUA. Os norte-americanos, em dois anos, viraram o maior exportador de diesel para o mercado brasileiro, em contrapartida, se se reduz a carga de produção nas refinarias nacionais.

 

Uma conclusão suprapartidária, durante o lançamento da Frente, é que se deve cobrar desse governo. “Todos os espaços que pudermos, vamos alertar a população. Chamar para vir junto conosco fazer essa luta”, completa Mário Dal Zot, presidente o Sindipetro PR e SC.

 

Hoje, os trabalhadores da Petrobrás sofrem ataques diários, perdendo direitos, benefícios e sofrendo assédio nos locais de trabalho. Essas ferramentas de desmobilização só aumentam a disposição da classe trabalhadora para lutar por soberania nacional, defender a Petrobrás e tudo o que ela significa.

 

*Fotos: Lucas Almeida.