Greve faz unidades da Petrobrás operarem com número de funcionários reduzido

Movimento será reforçado com a adesão dos trabalhadores das unidades da Transpetro no Paraná e Santa Catarina nesta terça-feira (3). Fafen-PR já está em processo de paralisação da produção.

 

 

O movimento grevista nacional dos petroleiros, iniciado na primeira hora desta segunda-feira (02), já apresenta forte adesão dos trabalhadores e a maioria das unidades industriais da estatal opera com um efetivo de funcionários bastante reduzido.

 

Na Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), em Araucária, e na Usina do Xisto, em São Mateus do Sul, os grupos de turno que começaram a trabalhar às 15h30 de domingo (1) deixaram as unidades. A operação é realizada através de equipes de contingência montadas pela empresa, nas quais se percebe uma série de irregularidades, tais como jornadas excessivas de trabalho e desvios de função.

 

Já a Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados do Paraná (Fafen-PR), unidade localizada em Araucária e pertencente ao Sistema Petrobrás, a produção será paralisada ainda nesta segunda-feira (2) por não haver equipe de contingência da empresa.

 

Para o presidente do Sindicato dos Petroleiros do Paraná e Santa Catarina, Mário Alberto Dal Zot, a Petrobrás utiliza práticas antissindicais para tentar frustrar o movimento. “A empresa faz um jogo sujo para continuar suas operações e atenta contra a liberdade sindical coletiva. Empregados são coagidos para furar o movimento e ficam expostos a situações degradantes de trabalho, mas infelizmente aceitam tal condição em troca de horas extras e promoções, uma verdadeira propina digna de ser investigada pela Operação Lava Jato. São cúmplices dos mal feitos na empresa e traidores de seus companheiros de trabalho”, afirmou.

 

Um exemplo das práticas ilegais da empresa acontece no Centro de Treinamento Doutora Zilda Arns, localizado nas instalações da Repar. A empresa transformou o espaço em um hotel para manter o seu contingente dentro da unidade.

 

Ainda de acordo com Dal Zot, a expectativa é que a produção seja afetada nos próximos dias. “Conforme a greve for se estendendo, a contingência pelega da empresa vai se cansando. Ninguém aguenta trabalhar nessas condições durante muito tempo. A tendência é que a produção seja diminuída e pode até chegar a ser paralisada. Cabe aos gestores da empresa a negociação em torno das nossas reivindicações para impedir o desabastecimento do mercado”, explicou.

 

A greve no Sistema Petrobrás será reforçada a partir desta terça-feira (03) no Paraná e Santa Catarina, quando os trabalhadores dos terminais aquaviários da Transpetro de Paranaguá e São Francisco do Sul e dos terminais terrestres de Biguaçu, Itajaí e Guaramirim ingressam no movimento paredista.

 

Pauta pelo Brasil

A greve nacional dos petroleiros é motivada pelas medidas privatistas do Plano de Negócios e Gestão da Petrobrás (PNG) para o período de 2015/2019, onde estão previstos cortes de investimentos e venda de ativos e patrimônios que juntos somam aproximadamente US$ 140 bilhões. Se essas medidas continuarem, estimativa é de que 20 milhões de empregos deixem de ser gerados até 2019 na cadeia produtiva do petróleo. Só na indústria naval, 15 mil metalúrgicos foram desempregados no primeiro semestre do ano. No setor petroquímico, 30 mil postos de trabalho estão ameaçados. Outros milhares de trabalhadores terceirizados também já foram demitidos ou estão na mira de corte, portanto, a greve dos petroleiros acontece por uma causa de todos os trabalhadores brasileiros: a luta contra a privatização da empresa que é a principal indutora do desenvolvimento deste país.

 

Os trabalhadores do Sistema Petrobrás também não admitem a retirada de nenhum direito adquirido nos últimos anos e reivindicam que a empresa implemente novas práticas de SMS que prezem efetivamente pela vida dos trabalhadores, já que só neste ano dezenove empregados morreram em consequência de acidentes na companhia.

 

A Pauta pelo Brasil apresenta essas e outras reivindicações da categoria e foi protocolada junto à Petrobrás há mais de cem dias. Porém, a direção da empresa se nega a negociá-la com a categoria.