Pesquisa sobre o reaproveitamento de resíduos da extração do Xisto recebe o ‘Prêmio Inventor’ da Petrobrás

Diretor do Sindicato desenvolveu o projeto que se transformou em patente depositada pela estatal.

 

A pesquisa “Processo para extração do agente pigmentante do calcinado xisto retortado, processos para pigmentação em polímeros e em esmaltação cerâmica”, do Departamento de Química da Universidade Estadual de Ponta Grossa (Dequim-UEPG), que tem como objetivo o reaproveitamento dos resíduos da extração do óleo de xisto e, consequentemente, a redução de impactos ambientais, recebeu o ‘Prêmio Inventor’ da Petrobrás.

 

O projeto foi desenvolvido pelo Grupo de Pesquisa em Materiais Funcionais e Estruturais, formado há 28 anos pela UEPG, e tem como autor principal o diretor do Sindipetro PR e SC, Rafael Palenske Andrade, que atua como técnico de operação na Usina do Xisto (SIX), em São Mateus do Sul (PR).

 

O trabalho surgiu no período em que o diretor cursava mestrado em Química Aplicada na universidade e resultou em patente depositada pela petrolífera. Trata-se de uma pesquisa sobre a extração de pigmento inorgânico do xisto para a vitrificação cerâmica, ou seja, um pigmento para ser utilizado no revestimento de azulejos e altamente resistente a temperaturas elevadas, podendo suportar próximo dos 1000°C, o que torna a descoberta ainda mais inovadora.

 

Foto: Jéssica Natal (Imprensa UEPG)

 

De acordo com Rafael, um dos maiores desafios para a realização desse projeto foi a conciliação entre o trabalho e as aulas, que ocorriam duas vezes por semana em Ponta Grossa e tornaram o estudo cansativo e custoso. “O prêmio foi um reconhecimento de todo esse trabalho despendido durante três anos de estrada. Conciliar o mestrado com a rotina laboral não foi fácil. Eu trabalhava em finais de semana para compensar os dias que eu faltava, mas no final o esforço valeu à pena” , afirmou.

 

A premiação já havia sido comunicada pela Petrobrás no final de 2021 aos professores responsáveis, mas devido à pandemia o troféu e os certificados foram recebidos apenas no dia 28 de março deste ano. Essa é a primeira vez que a instituição recebeu um prêmio da estatal.

 

Para Rafael, esse reconhecimento também irá agregar valor aos derivados do xisto e reafirma o compromisso do grupo de pesquisa em encontrar aplicação para todos os resíduos que resultem da extração do minério. “Esse trabalho segue na linha de ampliar ao máximo os produtos que a gente pode obter do xisto. É muito importante achar uma aplicação para esse xisto já extraído e não fazer conforme é feito hoje, que retorna para as valas de mineração, pois dá trabalho tirar para depois acabar voltando, não! Vamos usar o que já foi tirado”, concluiu.

 

Patente Petrosix

Essa e todas as patentes da Petrobrás vinculadas à Petrosix, tecnologia desenvolvida durante décadas para a exploração do xisto e que contempla todas as etapas do processo industrial com foco na preservação ambiental, podem ser utilizadas gratuitamente pelo grupo canadense Forbes e Manhattan, que comprou a Usina do Xisto numa negociação nebulosa e que mais uma vez ganha repercussão após a reportagem investigativa do jornalista, Leandro Demori.

 

Um dos possíveis envolvidos nessa trama que envolve espionagem industrial, corrupção, cooptação de ex-funcionários e prevaricação, o engenheiro aposentado da Petrobrás Jorge Hardt Filho, é pai da juíza Gabriela Hardt, que substituiu Moro na Operação Lava Jato.

 

O Sindipetro PR e SC protocolou nesta segunda-feira um ofício junto à 13ª Vara Federal de Curitiba, responsável pelos julgamentos da Operação Lava Jato em primeira instância, no qual solicita a investigação sobre o processo de venda da unidade. A Associação Nacional dos Petroleiros Acionistas Minoritários da Petrobrás (Anapetro) também vai entrar com ações na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e no Tribunal de Contas da União (TCU) para averiguar irregularidades.

 

 

Por: Juce Lopes

Com informações: Jéssica Natal, Imprensa UEPG