Davi Macedo – Sindipetro PR e SC
Diante da privatização da Unidade de Industrialização do Xisto (SIX), os trabalhadores próprios da Petrobrás deixam de atuar na operação a partir desta sexta-feira (1). As atividades passam a ser assumidas exclusivamente pela força de trabalho contratada pela Paraná Xisto, subsidiária do grupo canadense Forbes & Manhattan, que adquiriu a SIX em novembro de 2022.
O Sindipetro Paraná e Santa Catarina, representante dos trabalhadores do setor petróleo, demonstrou preocupação sobre esse processo de transição em ofício encaminhado à gestão da Petrobrás e da Paraná Xisto no dia 25 de agosto, sobretudo em relação a questões de segurança dos empregados, da comunidade do entorno da fábrica e das instalações.
No documento, o Sindicato solicita informações acerca do cronograma do processo de transferência e das qualificações da equipe que vai assumir as operações, bem como da documentação sobre o aceite da entrega da unidade.
O Sindipetro ressaltou a importância de se tomar todos os cuidados possíveis para que tal processo seja concluído em condição de plena segurança e se colocou à disposição para intermediar diálogos que se façam necessários com os trabalhadores da Paraná Xisto.
Resposta da Paraná Xisto
Em resposta ao ofício, a empresa afirmou que no ato da transação de compra da SIX foi firmado um Contrato de Suporte Temporário Administrativo e de Apoio Técnico à Operação de Refinaria (TSA) com a Petrobrás, com data de encerramento para 31 de agosto de 2023 e a Paraná Xisto assumirá a totalidade das operações da unidade a partir da zero hora desta sexta-feira (01/09). Além disso, informa que tal cronograma foi “amplamente negociado com a Petrobrás e tempestivamente comunicado à Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP)”.
Sobre as qualificações da nova força de trabalho, a Paraná Xisto respondeu que fez a mobilização, seleção, capacitação e habilitação da equipe de gerentes, coordenadores, supervisores, técnicos de operações e demais profissionais que assumirão as operações da planta. E que, em função da complexidade envolvida, patrocinou um curso de qualificação de técnicos de operação em parceria com o SESI e o SENAI, “com o objetivo de estimular a empregabilidade na cidade e também para ter subsídios de ter profissionais com formação nivelada antes mesmo de iniciar o processo de seleção e a posterior complementação de formação em conhecimentos críticos dos seus técnicos de operação e segurança”.
De acordo com a empresa, após a conclusão do projeto com o SENAI, foi iniciado um processo seletivo que resultou na admissão de 62 técnicos de operação. Além destes, foram contratos outros 8 profissionais oriundos do Sistema Petrobras e de indústrias petroquímicas para atuarem, por tempo determinado, como tutores do time de técnicos de operação da Paraná Xisto.
Ainda no que se refere à capacitação, a Paraná Xisto afirmou que foram realizados treinamentos nas Normas Regulamentadoras (NR’s) necessárias para o desempenho das atividades (NR-10, 20, 33, 35, entre outras) e também uma formação de brigadistas.
A Paraná Xisto também informou que o número atual de funcionários na planta de São Mateus do Sul é de 169 empregados próprios e 740 terceirizados.
Por fim, a empresa declarou que toda a documentação de passagem de turno e de aceita das instalações para operação serão assinadas tanto pela Petrobrás quanto pela Paraná Xisto.
Acompanhamento sindical
Na tarte desta quinta-feira (31), dirigentes do Sindicato estiveram reunidos com representantes da gestão da Paraná Xisto. Na oportunidade, a empresa apresentou mais detalhadamente o plano de transição. O Sindicato ainda cobrou mais informações e os gestores ficaram de responder nas próximas horas.
Segundo o presidente do Sindipetro PR e SC, Alexandro Guilherme Jorge, “neste momento a nossa maior preocupação é com a segurança dos mais de trezentos trabalhadores. Estão envolvidos neste processo cerca de 130 da Petrobrás e aproximadamente 180 da Paraná Xisto. São pessoas que têm suas vidas modificadas pela venda desta unidade, algo que nós já temos debatido há bastante tempo, mas neste momento a gente foca especificamente na segurança desses trabalhadores. Esperamos que haja realmente uma transição segura. Não é fácil, não é simples, mas é o que a gente precisa fazer com a maior seriedade e compromisso com a segurança de todos”.
Para ele, o processo precisa de todo apoio sindical possível. “A partir de amanhã vamos tratar das mudanças que vão ocorrer para os trabalhadores da Petrobrás. Eu e o companheiro Felchak, responsável pela pauta local da SIX e secretário de SMS da FUP, estamos aqui em São Mateus do Sul para acompanhar de perto todo esse processo. Estamos à disposição de todos vocês. Em caso de qualquer problema, não hesite em nos procurar”, disse.
Em reunião entre representantes do Sindicato e da Petrobrás, na noite desta quinta, foram acertados os últimos detalhes da transição envolvendo os trabalhadores da estatal. O último turno da Petrobrás entrou às 15h30 e sai às 23h59. Neste horário haverá um check list que vai ser assinado por ambas as partes. A partir daí, toda responsabilidade da operação da SIX será da Paraná Xisto.
Os gestores da Petrobrás vão acompanhar essa última etapa da transição e os trabalhadores retornam com suas novas rotinas negociadas na próxima segunda-feira (4).
Os diretores do Sindipetro PR e SC permanecem em São Mateus do Sul até o final da sexta-feira acompanhando o processo.