A intenção do Governo Federal é vender ou fechar a Usina do Xisto (SIX). Porém, para o Fórum de Defesa da Petrobras, a saída da SIX de São Mateus significa uma tragédia econômica e ambiental para toda região
A Usina do Xisto, localizada em São Mateus do Sul, emprega aproximadamente 4 mil trabalhadores (diretos e indiretos). É responsável por 45% da arrecadação de ICMS, indiretamente por cerca de 50% do ISS e gera cerca de 20 milhões de reais anuais em royalties sobre a produção de óleo e gás de xisto.
Mas para a atual administração da Petrobrás nada disso importa. O objetivo dos entreguistas é vender a SIX. Caso isso não aconteça, a Usina do Xisto poderá ser fechada, o que significa fechamento e demissão dos trabalhadores próprios e terceirizados.
Entenda a importância da SIX no vídeo abaixo
A SIX, assim como a Petrobrás, foi construída por iniciativa do povo, depois da campanha “O Petróleo é Nosso!”. A história da construção da Usina se confunde com a evolução do município de São Mateus do Sul.
Luta contra privatização
Toda petroleira e petroleiro acompanha com inquietude o projeto bolsonarista de desmonte da Petrobrás. Porém essa indignação precisa se estender à sociedade. A luta em defesa da estatal ultrapassa qualquer opção partidária ou ideológica, pois todos perdem com o sucateamento da maior empresa da América Latina.
No Paraná, além da SIX, o entreguismo pode causar um desastre econômico na região de Araucária, maior polo industrial do estado. A Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar) também está no radar privatista.
Para não esquecer: o exemplo da indústria naval
O combate ao projeto do Governo Federal é obrigação de quem defende um futuro melhor para os brasileiros. A agenda neoliberal foi responsável, por exemplo, pela derrocada da indústria naval, setor que já empregou mais de 80 mil trabalhadores.
Primeiro Temer e agora Bolsonaro permitiram o esfacelamento do setor. Hoje os estaleiros brasileiros estão sucateados, enquanto obras que geravam emprego e renda são executadas na Ásia.
Um desastre econômico e social que deixou a indústria naval deficitária. Dos 40 estaleiros brasileiros, 12 estão parados e os outros estão precarizados, trabalhando abaixo da capacidade, sem clientes ou encomendas.
Só para se ter uma ideia…
Na indústria naval, o governo Lula, por exemplo, chegou a financiar 90% dos projetos no setor através do Fundo de Marinha Mercante (FMM).
Esse Fundo chegou a desembolsar R$ 45 bi desde 2007 por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e demais bancos públicos e privados. Esses financiamentos duraram até 2014.
Foi neste período que a indústria naval chegou a empregar 82 mil trabalhadores!
Porém, depois que a Operação Lava Jato chegou à Petrobrás e atingiu as grandes empreiteiras
brasileiras, a indústria naval desmoronou.
Além disso…
:: Estaleiros associados à empreiteiras envolvidas na Lava Jato (Odebrecht, OAS e
UTC; por exemplo), estão parados;
:: Estaleiros que ainda operam, atendem a construção de embarcações fluviais (barcaças, ou
de transporte de passageiros);
:: A indústria voltada para a construção de plataformas e navios offshore está praticamente
abandonada;
:: Exemplo: em 2013 o estaleiro do município de Rio Grande (RS) empregava 24 mil
pessoas, hoje não chega a 5 mil o número de trabalhadores.
É com tristeza que se lembra da ascensão e queda da indústria naval. Um setor que já movimentou cadeias econômicas nacionais e locais, além de manter a saúde financeira de muitos municípios brasileiros.
Para que isso não se repita no xisto e no refino, é preciso lutar contra a privatização da Petrobrás. Defender a estatal é uma boa para o Brasil e para todas e todos os brasileiros.