Matéria apontou os nomes de ex-empregados da Petrobrás suspeitos de prevaricarem em favor do grupo canadense que adquiriu a SIX.
Em novembro de 2012, o Jornal do Sindipetro PR e SC Nº 1297 trazia na capa a manchete “Vender ilusões, a sanha neoliberal – Possível parceria entre a Petrobrás e um conglomerado canadense gera preocupação”.
O texto denunciava que a área internacional da estatal tratava como um ótimo negócio a formação de uma “joint-venture”, espécie de sociedade, com o grupo Forbes & Manhattan para a exploração de xisto no mundo através da tecnologia Petrosix, desenvolvida pela unidade da Petrobrás de São Mateus do Sul-PR (SIX).
A matéria do boletim do Sindicato já anunciava que a Forbes pretendia operar na lavra de xisto brasileiro por meio da Iraty Energy, sua subsidiária no país, além de apontar que ex-empregados da SIX/Petrobrás que eram responsáveis pelas patentes tecnológicas atuavam como consultores do grupo canadense.
Agora, quase dez anos mais tarde, as denúncias do Sindipetro PR e SC sobre a cobiça da Forbes e suas práticas nada ortodoxas vão se confirmando. Em reportagem de quatro páginas publicada na versão impressa desta semana (edição Nº 1211) com o título “Olha a banana!”, a revista Carta Capital revela que a Petrobrás entrega a Usina do Xisto por pouco mais da metade do seu lucro obtido em 2021 à empresa canadense suspeita de espionagem industrial.
“No Paraná, o grupo canadense Forbes & Manhattan Resources Inc. é acusado de receber informações privilegiadas em meio às negociações para comprar a Unidade de Industrialização do Xisto, a SIX, situada no município de São Mateus do Sul. O compromisso entre as partes foi assinado em novembro de 2021. Agora, aguarda a aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica e da Agência Nacional do Petróleo. A Associação Nacional dos Petroleiros Acionistas Minoritários da Petrobras (Anapetro) pretende, porém, barrar o negócio na Justiça”, diz trecho da reportagem.
A Carta Capital mostrou, inclusive, os nomes dos ex-empregados da SIX suspeitos de prevaricação em benefício da Forbes. “A parceria prevista entre Petrobras e F&M também não prosperou, mas os gringos passaram a contratar engenheiros aposentados da Six que atuaram no desenvolvimento e pesquisa do processo Petrosix. No quadro de colaboradores da Irati Energia figuravam João Carlos Winck, João Carlos Gobbo, Celio Paulo Susin, já falecido, e Jorge Hardt Filho, todos ex-empregados da estatal. A missão dos engenheiros era conseguir registrar a patente do processo Petrosix que o grupo tentava negociar junto à Petrobras há algum tempo, mas não conseguia”.
Engevix
A reportagem coloca que a “nebulosa transação tem ainda as digitais da Engevix Engenharia”. Essa empresa foi parceira da Petrobrás e da Forbes em projetos internacionais que envolviam o processo Petrosix. “De acordo com a Anapetro, nos slides e materiais de apresentação da empresa era possível encontrar cópias de documentos sigilosos da Petrobras, inclusive com a logomarca, além de dados internos ‘provavelmente vazados por meio do contrato de cooperação entre a Engevix e a Petrobras’. Curiosamente, Sakurai, o gerente que autorizou o acesso privilegiado a Hardt (a computadores da SIX), após se aposentar não ficou desempregado. Foi contratado pela própria Engevix como consultor”, denuncia a publicação.
Anulação da Venda
O presidente da Anapetro, Mário Dal Zot, foi uma das fontes consultadas pela reportagem da Carta Capital e afirmou que existem elementos suficientes para impedir a negociação da SIX. “Vamos buscar a anulação da venda da SIX via ações judicias e também em denúncias junto à Comissão de Valores Mobiliários e ao TCU, por conta de vários privilégios que a Forbes & Manhattan obteve na aquisição da unidade e do prejuízo que esta transação representa ao erário”, revelou.
A Iraty Energy, subsidiária da F&M, foi procurada pela revista, mas não retornou até a publicação da matéria.
*A matéria da Carta Capital está disponível para assinantes no seguinte link: https://www.cartacapital.com.br/politica/olha-a-banana/
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