Trancaço marca a retomada da greve na Usina do Xisto

Petroleiros querem a retomada das negociações e denunciam chantagem econômica da companhia ao exigir a renúncia fiscal dos royalties devidos.

 

Davi Macedo – Sindipetro PR e SC

 

As vias de acesso à Usina do Xisto (SIX), em São Mateus do Sul-PR, ficaram intransitáveis na manhã desta terça-feira (20) devido ao “trancaço” realizado pelos petroleiros da unidade, que resolveram retomar a greve, suspendida no dia 01/04 como gesto de boa-fé negocial.

 

A empresa havia se comprometido a marcar novas tratativas sobre a pauta da categoria. A situação dos trabalhadores com a possível privatização da SIX, o sucateamento dos equipamentos e as terceirizações na área de segurança são os principais pontos que os petroleiros querem negociar com a Petrobrás.

 

Porém, a gestão da companhia rompeu com a mesa de negociação ao desistir da reunião marcada para a última sexta-feira (16).

 

A situação ficou mais complicada nos últimos dias diante da notícia de que a Petrobrás pretende encerrar as atividades da SIX caso não consiga privatizá-la. A empresa manifestou tal intenção depois que suas dívidas de aproximadamente R$ 1 bilhão em royalties para São Mateus do Sul, Paraná e União vieram à tona.

 

Para o petroleiro da SIX e dirigente do Sindipetro PR e SC Mário Dal Zot, o argumento utilizado pela empresa é que a dívida estaria inviabilizando qualquer negociação da SIX. Ele entende que ameaça de fechar a unidade se configura em abuso de poder econômico por parte da Petrobras, já que a SIX hoje é responsável por 45% do ICMS e 50% do ISS recolhido no município de São Mateus do Sul. “A Petrobrás tem total condição de pagar essa dívida. Fechar essa unidade seria trágico para a cidade”, afirmou.

 

Os dados da Petrobrás indicam que a SIX tem um lucro de cerca de R$ 200 milhões por ano e emprega mil trabalhadores de forma direta (próprios e terceirizados).  “Se a classe política do estado não comprar essa briga junto com a categoria petroleira, há o risco de a SIX ter o mesmo destino da Fábrica de Fertilizantes do Paraná, que teve suas atividades encerradas em fevereiro de 2020 e deixou mil trabalhadores desempregados. Não podemos permitir mais esse desastre por parte da atual gestão da Petrobras”, protestou Dal Zot.